Estudo revela melhorias na eficiência em unidades de saúde geridas por Misericórdias

Tendo em conta o “envelhecimento da população, os custos tecnológicos na área da saúde e as mudanças necessárias que o setor da saúde”, é importante que as parcerias público-sociais sejam consideradas. A conclusão é do estudo de doutoramento do provedor da Santa Casa de Misericórdia de Barcelos, Nuno Reis, autor do livro ‘Parcerias Público-Sociais: o caso dos Hospitais (des)nacionalizados’, que foi esta quarta-feira apresentado na Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho (EEG-UMinho).
Para o investigador, devolver unidades de saúde à administração da Santa Casa da Misericórdia é uma questão de “opção política” e considerá-las “complementares” ao Serviço Nacional de Saúde é “sob ponto de vista do acesso, sustentabilidade e da qualidade dos cuidados de saúde, importante”.
O estudo, que analisou 31 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, das quais três ligadas “ao setor social”, revela que é em termos da excelência na cirurgia de ambulatório e de segurança do utente, que estes três hospitais desnacionalizados “comparam muito bem com os hospitais geridos diretamente no setor público”. Nuno Reis revela, ainda, “uma notável degradação global dos 31 hospitais”, ainda assim “há uma menor degradação desses resultados de eficiência, no caso dos hospitais que foram devolvidos ao setor social”.
“Neste caso em concreto, da devolução de hospitais às misericórdias considera-se que o interesse público foi defendido”, sublinha.
Também presente na apresentação do livro, António José Seguro, líder do principal partido da oposição, entre 2011 e 2014, durante o governo que discutiu o retorno de mais de vinte unidades hospitalares à alçada da organização de caridade, diz que estes dados são “muito relevantes”, sobretudo agora, que “o PRR podia e estava previsto que desse um forte apoio nesta matéria, mas as informações que dispomos apontam para atrasos administrativos muito significativos”.
De acordo com o candidato à presidência da República, “as projeções apontam que até 2050 vão ser necessárias mais 55 mil camas para cuidados continuados”. Ressalta que “os termos da contratualização devem ser revistos à luz dos efetivos custos destas unidades”, tendo em conta a intensidade dos recursos humanos necessários e as exigentes condições de funcionamento. “Hoje, quando se fala, por exemplo, das USF (Unidade de Saúde Familiar) modelo ‘C’ ou num novo instrumento de gestão de lista de espera como o SINAC (Sistema de Informação Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia), fica também aberta a oportunidade para o setor social dar um contributo acrescido e ajudar a reforçar o Serviço Nacional de Saúde, numa ótica de complementaridade”, remata.
