Estudo da UMinho aponta que maioria dos trabalhadores de recolha de lixo têm dores no corpo
O estudo de uma investigadora da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (UMinho) concluiu que 85% dos trabalhadores da recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU) de três concelhos relataram dores musculoesqueléticas em 2024. A pesquisa foi realizada com 54 trabalhadores do setor de Guimarães, Fafe e Felgueiras.
Aos microfones da RUM, a investigadora, Pamela Sant’Anna, sublinha que o estudo teve como finalidade “contribuir para a formulação de políticas públicas de saúde ocupacional e gestão de resíduos”. Acrescenta que possibilita ainda o “desenvolvimento de ações de saúde e segurança do trabalho para que possa melhorar as condições de saúde desses trabalhadores”, refere a cientista brasileira, que desenvolveu a investigação no Centro Algoritmi e no âmbito da sua tese de doutoramento em Engenharia Industrial e de Sistemas.
O estudo identificou que os trabalhadores relatavam dores sobretudo na zona lombar, para 65% dos entrevistados, ombros em 63% dos casos e nos joelhos para outros 50%. A pesquisa concentrou-se na análise do processo de recolha manual de RSU porta a porta ou depositados em contentores móveis, de duas ou quatro rodas.
A investigadora constatou também que 18% dos inquiridos apresentaram sobrecarga cardiovascular durante a realização do conjunto de tarefas associadas à recolha manual de RSU. Segundo Pamela Sant’Anna, o interesse pelo tema surgiu após a pesquisa em artigos antigos realizados ao redor do mundo. Entre as conclusões do trabalho, estão “o estabelecimento de pausas, a padronização dos modelos dos contentores, a metodologia de recolha, sempre utilizando a mecanização”.
Para trabalhos futuros, Pamela Sant’Anna aponta a necessidade de alargar os trabalhadores e os concelhos pesquisados.
