Oposição não aceita termos de João Rodrigues para início de negociações

Um dia depois de tomar posse como presidente da Câmara Municipal de Braga, João Rodrigues já está deparado com um primeiro problema para governar a cidade. Esta segunda-feira, após a tomada de posse e em declarações aos jornalistas, revelou que irá convidar o primeiro eleito de cada candidatura para para uma primeira conversa negocial. Justificando que “precisava de reflexão” para iniciar conversações com a oposição, João Rodrigues admite abertura negocial [vinte dias depois do ato eleitoral] incluindo uma eventual distribuição de pelouros, caso sinta que “há comprometimento de ambas as partes e responsabilidade”. A notícia chegou às principais forças da oposição pela própria RUM e parece que os termos propostos serão desde logo rejeitados por Pedro Sousa (PS/PAN) e Ricardo Silva (Amar e Servir Braga).

“Durante a próxima semana vou convidar o primeiro eleito de cada uma das listas eleitas à câmara municipal e sentar-me. Não é com o segundo, não é com o terceiro, não é com a equipa toda, é com o primeiro porque também só vão ter a reunião comigo”, revelou, recusando que se trate de secretismo, mas justificando a necessidade de “recato” e estabelecimento de “confiança” entre as partes envolvidas.

O presidente do Município de Braga diz que “quer começar uma conversa” e que está “de boa vontade”, mas que não é “ingénuo”. “Eu sei o que quero fazer, dizer que estou disponível para falar, mas também quero perceber o que é que eles estão disponíveis para fazer”, respondeu quando questionado sobre a disponibilidade para atribuir pelouros à oposição. 

João Rodrigues sustenta também que está consciente sobre cenários de governação em minoria ou maioria, mas diz também que “era saudável para a cidade mais forças envolvidas”. Quanto à disponibilidade de distribuição de pelouros por vereadores da oposição, não a rejeita, mas não abdicará, por exemplo, do urbanismo nem das freguesias, enquanto a distribuição dependerá da capacidade e competência de cada um.

PS não fecha porta ao diálogo, mas vai fazer oposição exigente. Negociações não passam individualmente pela independente eleita, garante Pedro Sousa


Do lado PS/PAN, cujo primeiro eleito, António Braga, renunciou ao mandato, segue-se na linha Catarina Miranda Marques, independente, e só depois surge o socialista Pedro Sousa, que é também presidente da concelhia do PS Braga. Contactado pela RUM, Pedro Sousa rejeita que a vereadora lidere de forma isolada essas negociações dado o contexto. “O PS está disponível para conversar”, mas recusa que se explorem negociações “mais individuais”, compreendendo esse termo apenas para a IL ou para o Chega. 

“Essa tentativa é um mau sinal da parte de João Rodrigues”, criticou ainda o socialista que reafirmou a ideia de que o PS pretende liderar a oposição. 

“Os bracarenses escolheram o PS para ser oposição e diria que o PS estará disponível para um projeto de oposição construtiva, exigente e escrutinadora”, notou. 

Ricardo Silva critica postura de João Rodrigues e avisa que não pretende reunir sozinho para negociar uma eventual coligação de forças para governar


Ainda que assuma que os três eleitos do movimento Amar e Servir Braga estão disponíveis para se sentar à mesa, a reunião não terá apenas “um negociador”, declinando os termos iniciais de João Rodrigues. O vereador independente manifestou-se ainda completamente contra a ocasião escolhida para iniciar uma eventual reunião negocial. “É absolutamente tardio vir vinte dias depois das eleições propôr uma negociação. Já passou muito tempo e isto impacta não só a estruturação do projeto que se quer consolidar para a cidade como tem impacto direto na nossa vida profissional. Não estamos em condições de garantir fazer parte de uma equipa municipal porque também dependemos de outras entidades profissionais”, explicou. Questionado sobre se este é um «não» a João Rodrigues, Ricardo Silva insistiu que se trata de um processo que “começa tarde, o que dificulta muito qualquer tipo de negociação”.  O compromisso do movimento passará, apontou, por “apresentar-se em qualquer reunião de câmara e assembleia municipal para trabalhar em defesa dos cidadãos”.

Iniciativa Liberal e Chega, representados por Rui Rocha e Filipe Aguiar, respetivamente, de pouco ou nada valeriam num contexto negocial já que mesmo assim a coligação Juntos por Braga governaria sem maioria absoluta. Certo é que os convites para as reuniões seguirão para todas as forças políticas.

Ao que a RUM apurou, a primeira reunião do novo executivo municipal de Braga será na próxima segunda-feira, ainda antes da eventual reunião com cada um dos primeiros eleitos para a câmara municipal.

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Elsa Moura
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Sérgio Xavier
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