“A Igreja vai ter de encontrar outro caminho que não seja o da esmola”

O Cónego José Paulo Abreu afirma que a Igreja se tem sabido adaptar às circunstâncias e defende que a inovação deve ser uma prioridade para lá da pandemia, mas não só na sua forma de chegar aos fiéis. Com igrejas fechadas, as missas passaram para a internet e as esmolas deixam de entrar, deixando muitas paróquias numa situação ainda mais difícil.
Em entrevista à RUM, o cónego sublinha que a Igreja tem acompanhado os seus fiéis até por email.
“Há muita gente que tenta combater a solidão a contactar por mail, por twitter e pelas próprias mensagens de telemóvel. Este tempo faz-nos encontrar caminhos novos de aproximação aos outros”, assume.
Com igrejas fechadas, a missa passou a ser transmitida pelas redes sociais e o cónego admite que este “é o lado de sol”. “Os meios digitais foram uma grande aposta. Até vamos ver depois quantos estiveram a ver e ficamos absolutamente surpreendidos com as visualizações”, admite.
No entanto, as igrejas fechadas trazem outro tipo de desafios, nomeadamente na sustentabilidade dos espaços. Sem ofertas “muitas paróquias estão com dificuldade em pagar despesas normais de funcionamento e de recursos humanos”. Por isso, o cónego levanta a questão se “interessa manter tanto património”.
“O que temos só faz sentido se está ao serviço das pessoas. Se não for necessário provavelmente não precisamos ter despesas de manutenção. Às vezes pontuamos muito sobre a esmola, mas se calhar podemos encontrar, investir para obter alguma receita vinda de outro processo, por um aluguer, por uma ocupação. A Igreja vai ter que encontrar outros caminhos que não sejam o da esmola”, apontou.
