“A palavra alívio marcou a noite eleitoral francesa”

“A palavra alívio marcou a noite eleitoral francesa”, diz Sandra Fernandes, professora de Relações Internacionais da Universidade do Minho. A especialista realça os apelos de dirigentes europeus, onde se incluiu António Costa, para o voto em Emmanuel Macron, “porque a alternativa Marine Le Pen seria o fim da Europa como a conhecemos hoje”. Algo “inédito”, uma vez que em causa estava um ato eleitoral “da vida pública interna francesa”.

O centrista venceu Marine Le Pen, com 58,54% dos votos, mas a candidata da extrema direita consegue um resultado histórico, de 41,46%.

“Marine Le Pen teve resultados históricos. Tem agora uma presença no espaço público francês que não tinha antes, ou seja, continua no percurso de ascensão”, comentou Sandra Fernandes. Para a docente, “Macron ganha, mas, mesmo assim, dependerá de manter ou não uma maioria na Assembleia nacional para impor as suas ideias, ou seja, ou ganha as legislativas e mantém o apoio parlamentar, ou perde a maioria, que tudo indica que poderá acontecer, e terá um primeiro ministro de outro partido”.

“É redutor resumir” o resultado histórico da extrema esquerda a Macron. “Os últimos cinco anos pesaram na decisão dos eleitores, mas temos uma crise da democracia francesa mais profunda e alargada no tempo, do que propriamente o mandato do presidente Macron”, comentou. Pela terceira vez, a extrema esquerda leva as eleições à segunda volta e fica “às portas do Palácio do Eliseu”, a residência oficial do Presidente da República.

Apesar desse crescimento, Sandra Fernandes considera que o presidente reeleito conta com “um balanço positivo”, porque “geriu três grandes crises, a dos coletes amarelos, da Covid-19 e da guerra”. “Mesmo entre as franjas mais velhas da população ele é visto como um presidente competente e que teve sucesso na gestão dessas crises”, finalizou.