A partir de 2ª feira qualquer pessoa que chegar a Portugal ficará em isolamento

A partir de segunda-feira o país terá novas normas para quem chega do estrangeiro. Com muitos emigrantes a regressar ao nosso país, é preciso assegurar que este conjunto de pessoas não seja mais um risco.
Ainda que esta semana, em Bragança e no Baixo Tâmega, essa norma já esteja em prática, na próxima semana será alargada a todo o país, de acordo com as declarações da Directora Geral de Saúde, esta sexta-feira.
Já o secretário de Estado da Saúde garante que o investimento vai continuar e que nada ficará em espera por motivos financeiros. O Estado português continua a adquirir equipamentos de diferente tipo no estrangeiro, uma vez que a capacidade de resposta interna é insuficiente.
Na conferência de imprensa habitual depois de conhecidos os dados da DGS registados até à meia-noite, Graça Freitas deixou um forte apelo aos lares de idosos: continuem a receber novos idosos, mas isolem-nos num quarto nos 14 dias seguintes. Além de todas as normas de segurança que se exigem com esta faixa etária mais avançada, a Directora Geral de Saúde apela a todos os lares que se preparem para a eventualidade de terem de isolar um idoso com sintomas.
Hoje, o Secretário de Estado da Saúde lembrou que a “guerra faz-se cada vez mais no plano da prevenção da escalada do surto e na resposta à doença com a preparação do SNS às novas fases da epidemia”.
O centro de contacto SNS 24 continua a ser a porta de entrada dos utentes e “a capacidade de resposta continua a ser uma prioridade do governo”. O circuito tem permitido “evitar uma procura descontrolada do serviço de urgência”. “Continuem a respeitar este circuito”, pediu.
Já os tempos de resposta ainda não são os que o SNS gostaria. Ontem, na linha de apoio ao médico foram atendidas 4150 chamadas com 40 médicos voluntários em atendimento simultâneo, um novo recorde.
O Ministério da Saúde agradece toda a solidariedade que tem chegado de particulares e empresas aos diferentes hospitais portugueses.
Aumentar a testagem é uma prioridade. Há novos laboratórios na rede, mas isso não invalida todo o rigor necessário numa situação deste tipo. A Directora Geral de Saúde avisou que “as respostas têm que passar pelo crivo de segurança”
“É preciso capacidade de resiliência individual”
Graça Freitas insiste que os doentes em risco “têm que ficar isolados em casa” e avisa os mais vulneráveis, idosos e doentes hipertensos, diabéticos, pessoas com doença cardiovascular e com doença oncológico: “carecem de maior isolamento, precisam de contactar o mínimo possível com outras pessoas”.
Aos que precisam de ser cuidados. “A rede familiar de apoio deve manter a atenção que merecem, mas o agregado deve ser contido nos contactos. Evitar proximidade física, evitar contacto físico. Nas habitações devem sentar-se afastados”, recorda.
Os lares precisam todos de aprender a lidar com a situação que estamos a viver. “Organizem-se para poderem retirar imediatamente um doente de uma zona colectiva caso tenha sintomas suspeitos e antes de ser encaminhado. Um utente novo que venha da comunidade, deve ficar 14 dias num lar, isolado. Podem admitir pessoas, mas é preciso ter estas precauções”, pede.
Portugal está actualmente preparado para fazer, em média, mil testes por dia. Graça Freitas referiu que o “número varia” e que “não é obrigatório ser crescente”.
Na próxima semana poderão ser feitos testes mais rápidos, mas é preciso garantir a sua qualidade. Além disso, há prioridades na realização de testes, de acordo com os sintomas e os riscos. “É assim que o processo é gerido em todo o Mundo”, esclarece Graça Freitas.
A partir de segunda-feira, quem entra em Portugal vai ter que ficar em isolamento profilático quinze dias, independentemente da região.
Para quem vai levar alimentos a casa de uma pessoa que está isolada, vai ter mais informação para ajudar quem ainda não sabe exactamente como proceder. Deixar os sapatos à porta é um dos pequenos gestos que pode ajudar a fazer a diferença.
Estado ainda não precisou de recorrer aos hospitais privados. O SNS tem 1124 respostas para cuidados intensivos. Os privados têm 450 respostas, segundo os dados do secretário de estado da saúde.
“Qualquer resposta será feita em articulação com o privado. Ainda não foram chamados porque, felizmente, ainda não se registou essa necessidade”, refere.
A utilização correcta de materiais de protecção
Não há material de protecção para 10 milhões de pessoas para todos os dias, várias vezes ao dia. As máscaras devem ser usadas por doentes imunodeprimidos que necessitam dessa barreira e já estão habituados a usar. “Havendo para todos, pode ser útil, mas agora não há e esse material é preciso para os profissionais de saúde e todos aqueles que lidam com pessoas mais frágeis”, esclarece a DGS, que sublinha que “a medida essencial não é a máscara, é o distanciamento social”.
Em Felgueiras e Lousasa, a situação “está estável” graças a um trabalho “gigantesco”, disse ainda Graça Freitas, reforçando que se trata de uma zona que “continua sob observação activa das autoridades de saúde”.
Portugal regista seis vítimas mortais do novo coronavírus, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), que dá conta de 1.020 casos confirmados de Covid.
Os dados do boletim epidemiológico hoje divulgado com dados até às 24:00 de quinta-feira e atualizado às 11:00 de hoje, indicam que há mais 235 casos confirmados de Covid-19 do que na quinta-feira.
