Regresso às aulas em pandemia. Alunos de Braga preferem regime presencial

Às 13 horas em ponto, os alunos da Escola Secundária D. Maria II saem para almoçar. De máscara e com os colegas. É assim há pouco mais de uma semana. Depois de vários meses em telescola e aulas por videoconferência, os alunos portugueses regressaram ao regime presencial. Embora acompanhados por alguns receios, em Braga, voltar à escola parece agradar à maioria dos estudantes.
As regras são muitas, as rotinas mudaram, mas, ainda assim, preferem o ensino presencial. Em casa, dizem, as distracções são muitas. Todos os alunos entrevistados pela RUM revelaram preferir o ensino presencial. Lara Gomes é aluna do 11.º ano e admitiu não ter gostado do ensino à distância. “Não acompanhei nenhuma matéria, perdi-me um bocado no estudo, pretendia subir as notas e não consegui”, afirmou a jovem. A mesma opinião tem a colega Lara Martins, que diz aprender muito melhor na escola. O mesmo disse Diogo Fernandes, assumindo que em casa “não presta atenção” à matéria, algo que não acontece na presença do professor. As distracções, como a televisão ou o telemóvel, são também apontadas por Pérsio da Silva Mendes e por Inês Gonçalves, que assumem ter tido dificuldade em acompanhar a matéria com as aulas por videoconferência.
Assim sendo, o desejo de Inês, aluna do 10.º ano, é partilhado pelos colegas: “Espero que não voltemos todos para casa”.
O regresso às aulas, dizem, “correu bem”, mas há quem admita não cumprir o distanciamento nos intervalos.
Diogo Fernandes diz ser “muito difícil” manter-se afastado dos colegas, assim como Pérsio, que assumiu haver proximidade nos intervalos. “Não se mantém distanciamento no intervalo, andamos com a turma”, confirmou ainda Inês Gonçalves.
“Tenho dificuldade em interpretar os professores, com a máscara”
Mas nem tudo é fácil no regresso às aulas, marcado pela pandemia da Covid-19. O distanciamento e a máscara são apontados pelos estudantes como as maiores dificuldades.
Diogo é uma das vozes mais convictas: “Tenho dificuldade em interpretar os professores, com a máscara. Além de que abafa e ficamos mais sonolentos e cansados”. A opinião é partilhada por Inês, que diz “não perceber o que as pessoas dizem”. Por outro lado, o distanciamento, depois de meses afastados, é outra condicionante. Francisca Barbosa salientou isso mesmo: “Tivemos muito tempo afastados, tivemos saudades e é difícil estar separados dos colegas”. O mesmo diz Carolina Varandas, que alega ainda ter sentido dificuldade, nesta primeira semana, em “rever algumas matérias”.
“Não me sinto segura no autocarro”
As aulas de educação física começam na próxima semana e, apesar de não ser possível tomar banho, esta não é a situação que mais preocupa os alunos. Há estudantes que não se sentem em segurança na deslocação de autocarro para a escola. É o caso de Francisca, que revelou “não haver tantos cuidados no autocarro, onde há até muitos ajuntamentos”. “Não me sinto segura”, acrescentou. Carolina Alves é outra das alunas que usa o transporte público para se deslocar de casa para a escola e confirma que, “dependendo dos horários, há mais ou menos gente”.
Já no recinto escolar, os alunos dizem sentir-se seguros. “Há um funcionário por piso”, disse Carolina, e, acrescentou Diogo: “Temos sempre funcionários a controlar-nos”. Os alunos revelam ainda que é aplicado álcool gel com frequência. Francisca foi uma das alunas da escola a recorrer à cantina, onde “as mesas estão separadas e os alunos entram e saem por portas diferentes”, sentido assim toda a segurança no almoço.
Consciente de que podem surgir casos a qualquer momento, Carolina Varandas está segura de que os alunos da D. Maria II vão “conseguir dar a volta”. “Há sempre insegurança, mas aprendemos a conviver com isso”, finalizou.
Na generalidade, os alunos da Escola Secundária D. Maria II dão nota positiva a este regresso às aulas. Vários meses depois, os estudantes portugueses voltaram às aulas presenciais, o regime que, em Braga, dizem ser o mais adequado.
