André Ventura junta quase 170 pessoas em jantar-comício em Braga

Cerca de 170 apoiantes do candidato presidencial do Chega reuniram-se este domingo em ambiente festivo, num jantar-comício, em Braga, com música e cânticos, uma iniciativa que a candidatura afirma cumprir as regras da Direção-Geral de Saúde.
O jantar-comício decorreu no restaurante “Solar do Paço”, em Tebosa. Os jornalistas estiveram no salão de refeições até à chegada de Ventura, testemunhando a presença de cerca de 170 apoiantes em várias mesas redondas num espaço a rondar os 450 metros quadrados e sem ventilação. Em seguida, foram encaminhados para um outro salão no piso inferior.
O mandatário nacional e diretor de campanha, Rui Paulo Sousa, afirmou que o jantar estava a cumprir todas as normas, que as distâncias estavam a ser respeitadas e que a delegação de saúde estivera no local antes do jantar, tendo autorizado a sua realização. As fotografias tiradas pela imprensa mostram que o distanciamento não estava a ser respeitado.
Segundo fonte da Autoridade Regional de Saúde do Norte o evento não foi autorizado.
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Quando o dia de campanha do candidato do Chega começou, ao cair da tarde em Guimarães, poucos poderiam adivinhar como acabaria. Os ânimos exaltaram-se durante um jantar-comício nos arredores de Braga por causa das notícias sobre o incumprimento das regras de distanciamento. A comunicação social foi vaiada, insultada e ameaçada, e um carro de reportagem da RTP acabaria vandalizado. André Ventura reconheceu que “há dias difíceis no partido” mas chutou para a frente, atacando os adversários políticos, dizendo não se rever numa “direita fofinha” e recomendando a quem o ataca: “Vão dar lições para o raio que vos parta!”
“Ainda agora comecei e já estão nisto”, gracejou André Ventura quando, do extremo oposto do Campo de São Mamede, em Guimarães, cerca de meia centena de manifestantes gritava “fascista”. Com o castelo em fundo, o candidato presidencial e líder do Chega tinha cerca de duas centenas de apoiantes a gritar o seu nome, abafando o protesto.
No “berço da nossa nação”, Ventura disse que a sua candidatura representa “a alvorada, o renascer que Portugal precisa”. “Desta escuridão nascerá a luz de um novo país, capaz de se olhar ao espelho, de se ver com dignidade, de voltar a olhar para este castelo e dizer que se orgulha de ser português”, proclamou.
Este domingo foi descrito como um dia “especialmente importante” por estarem ali “bem perto de algo, de uma palavra: reconquista”. Essa reconquista iniciou-se “hoje com o voto de milhares de portugueses”, garantiu, referindo-se ao voto antecipado, e será concluída “no próximo dia 24 com um enorme sucesso político”. Ventura vê uma “mobilização gigante em todo o país”. “E não, não estou a considerar os gritos histéricos à nossa volta”, disse, a gritar.
“Enquanto outros perdem tempo a cantar ‘Grândolas’ e a dizer disparates à volta dos nossos comícios, nós não nos esquecemos de que o nosso foco é Portugal. Se não gostam, emigrem para Cuba ou para a Venezuela e vejam como se vive lá”, sugeriu. E insistiu na necessidade de “uma nova reconquista”, considerando o castelo “o símbolo do caminho” que irão fazer até ao próximo domingo.
O candidato afirmou que ele e os seus apoiantes tinham nas mãos “uma oportunidade que muitos dos nossos antepassados queriam ter tido, de derrotar este sistema corrupto e inadequado”. “E foi a nós que a Providência permitiu transformar este movimento numa oportunidade de transformar Portugal”, disse.
Não foi a primeira vez que Ventura ‘olhou’ para o céu nesta campanha nem neste dia: “Eu costumo dizer que é um milagre o que este movimento conseguiu. Em dois anos, conseguimos levantar um país, alterar para sempre o Parlamento”.
A esse feito atribuiu “a força de um povo que se levantou para dizer ‘Chega!’” e à “força dos genes que temos, do espírito de Portugal que nos percorre”. “Deste castelo ecoa a voz que nos diz: ‘não desistam’ e perante este castelo eu me ajoelho em memória de Portugal”, rematou. Não se ajoelhou, era só mesmo em sentido figurado. Ainda no púlpito e a despedir-se, ainda ouviu um militante a entoar uma canção que comparava Ventura com “o Jesus da Galileia”.
Ao desmobilizarem, os seus apoiantes dirigiram palavras nada católicas aos manifestantes, mantidos à distância por um contingente de várias dezenas de elementos da PSP, a pé, em carros e em motos de patrulha.
Com SIC e Expresso
