APDR destaca compromisso das Universidades no desenvolvimento da região Norte

O presidente da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional (APDR) destaca o papel das instituições de ensino superior na competitividade do Norte do país.
Esta quarta-feira, no 30.º Congresso da APDR, organizado pelo Instituto de Ciências Sociais da academia minhota, João Leitão destacou a Universidade do Minho, a Universidade do Porto e o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave como “bons exemplos de instituições de ensino superior comprometidas com o desenvolvimento regional sustentável”. Outra mais-valia da região é, segundo o responsável, “a juventude da sua população e a sua elevada densidade populacional, sobretudo no Alto Minho e Vale do Ave, mas também o facto de existirem estruturas próprias de distritos industriais que reforçam a capacidade de produção com valor acrescentado e sobretudo com capacidade de exportação”. Ainda assim, há desafios que se colocam à região, nomeadamente “a necessidade de atrair ainda mais população, fixar a população jovem, contribuir para o aumento do stock do emprego qualificado e subir na cadeia de valor, nomeadamente aumentando a complexidade dos produtos que são aqui produzidos e exportados”.
“Eu acho que o PRR é um instrumento fundamental para promover a coesão e, sobretudo, para que Portugal, num futuro próximo, possa deixar de estar baseado apenas numa região de competitividade, que é neste caso a área de Lisboa, e mais em regiões de convergência”, referiu ainda o presidente da APDR.
João Leitão considera ainda que o país devia “ter outras regiões e regiões fortes”. “Isso significa que o caminho a trilhar não terá que ser necessariamente por via dos mecanismos de descentralização que têm sido disponibilizados até agora, mas as comissões de coordenação estão a fazer o seu caminho e há também, quanto a mim, bons sinais da parte do Ministério da Coesão no sentido de criar condições para que as regiões a diversos ritmos e níveis de desenvolvimento se aproximem daquilo que são os padrões europeus”, justificou. “Vamos esperar que, efetivamente, possamos ser, no futuro, um pouco mais criativos e mais ousados ao nível da inovação de políticas de desenvolvimento regional”, finalizou.
Presidente do ICS alerta para a necessidade de “adotar novos modelos de governação nos territórios”
Paula Remoaldo, coordenadora do Congresso e presidente do ICS, destacou, na sessão de abertura, “o complexo tema do desenvolvimento sustentável dos territórios e em contextos de incerteza, ou seja, de riscos e choques externos”.
“A necessidade de intensificar a luta contra o aquecimento global e as alterações climáticas, bem como a evolução contínua das tecnologias digitais, também trazem alguma incerteza aos mercados, sendo difícil prever quais os territórios que serão, neste momento, apelidados como vencedores, e aqueles que são apelidados como perdedores. Parece ser necessário e imperativo adotar estratégias em um momento mais sustentáveis, políticas socialmente inclusivas, modos de transporte mais amigos no ambiente, apostar mais na inovação e no empreendedorismo a nível regional e local e adotar novos modelos de governação nos territórios”, apontou a docente.
A 30ª edição deste Congresso tem subjacente 34 temáticas ligadas aos riscos e conflitos para serem debatidas até sexta-feira, sendo o principal objetivo “debater ideias, apresentar abordagens teóricas e exemplos de possíveis soluções para os estrangulamentos que vão ocorrendo em termos territoriais, dificuldades sociais e desenvolvimento”. O evento conta com cerca de 170 participantes de 11 países, sendo que daqui resultarão “três números especiais de revistas indexadas na Scopes e na Web of Science e de um livro que será publicado numa editora inglesa”.
“Uma Universidade que ambiciona ser de quarta geração tem que se abrir ao exterior e dar oportunidade de participação àqueles que são matéria-prima para a ciência”, finalizou.
Livro de António covas sonre os territórios na era das redes lançado hoje no ICS
O 30.º Congresso da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional decorre até amanhã, em Braga.
Esta quinta-feira, às 19h00, no vizinho ICS, vai ser lançado o livro “Os territórios na era das redes: cultura digital, ação coletiva e bens comuns”, do professor António Covas.
A agenda de sexta-feira culmina com um conjunto intenso de sete sessões paralelas, que focam temas como economia circular, turismo sustentável, descentralização, migrações e territórios periféricos. Merece também ênfase a sessão plenária sobre crescimento inclusivo, pelo professor Martin Andersson, da Universidade de Lund, Suécia (às 11h30), e a apresentação do livro “Pensar a serra da Estrela”, do Jornal do Fundão (18h30).
O congresso tem o tema “Desafios do desenvolvimento sustentável dos territórios em contextos de incertezas devido a choques e riscos externos” e junta cerca de 170 cientistas regionais, economistas, sociólogos, geógrafos, urbanistas, investigadores e decisores políticos. A iniciativa quer enfatizar as políticas públicas locais, regionais, nacionais e europeias na área, trazendo ideias, teorias e potenciais soluções para estrangulamentos territoriais, sociais e de desenvolvimento na Europa e no mundo. Os resumos científicos apresentados vão sair numa edição especial de três revistas e num livro.
O evento insere-se no programa do Cinquentenário da UMinho e inclui na organização o Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT), o ICS e a Escola de Economia e Gestão, entre outros.
