Empreendedorismo feminino cresce em Portugal mas ainda fica longe da paridade
Apenas 30% dos cargos de gestão são desempenhados por mulheres. Os dados da 15.ª edição do estudo da Informa D&B “Presença Feminina nas Empresas em Portugal” apontam ainda que, em 2024, nos cargos de liderança, essa percentagem era de 27%.
Esta quarta-feira, celebra-se o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. A data pretende apoiar e inspirar a presença de mulheres no mundo dos negócios. Em entrevista à RUM, Vera Morgado, diretora da AGOVI, empresa de metalomecânica localizada em Braga, afirma que o papel das mulheres no mercado de trabalho português tem sido cada vez mais notório. “Há muitas empresas cujas administradoras são mulheres, incluindo no setor industrial”, afirmou.
A responsável recorda que, em 2013, após uma formação no Porto, regressou a Braga para ajudar a empresa da família, que passava por um período de instabilidade ligado à “pressão do setor da construção civil”. Apesar de reconhecer que algumas mulheres precisam de fazer um esforço maior para conseguir espaços de liderança, afirma ter sentido uma responsabilidade diferente, que atribui a “ser da família” que fundou a empresa. .“Uma mulher num mundo de homens? Para começar, eu não sinto muito isso dentro da empresa, porque 50% do board sou eu(…). Nós temos 38% de mulheres na empresa e nunca me senti menosprezada. Senti uma responsabilidade acrescida muito grande”, refere.
Segundo o relatório ‘Mastercard Index of Women Entrepreneurs’, publicado em março de 2022, Portugal ocupa o sexto lugar no mundo por percentagem de mulheres empresárias. Vera Morgado acredita que um dos fatores distintivos do seu percurso foi ter levado “um bocadinho” da sua identidade para o trabalho na empresa desde o início.
Apesar de estar numa indústria, disse não ter sentido pressão por trabalhar “num mundo de homens”, até porque divide a direção da empresa com o irmão. “Por exemplo, uma reunião com a banca. Somos uma empresa industrial, não ia de fato e gravata, não é, ou de saia e blazer. Então o que é que eu fazia? Ia com botas biqueiradas”, recorda.
