Após dois dias de greve. Sindicatos de médicos e Governo retomam negociações

O Ministério da Saúde e as estruturas representativas dos médicos têm esta sexta-feira uma nova ronda negocial, depois de uma greve de dois dias promovida pela FNAM.
O ministro Manuel Pizarro diz-se “muito empenhado” na via do diálogo para estabelecer “um entendimento”.
Caso as discussões não produzam resultados, deverá ser convocada nova paralisação para agosto, durante a Jornada Mundial da Juventude. Antes disso, a 25, 26 e 27 de julho, terá lugar uma outra greve convocada pelo SIM.
“Estou muito empenhado no processo de diálogo e estou concentrado na possibilidade de estabelecermos um entendimento”, afirmava na quinta-feira o ministro da Saúde à margem da inauguração da Unidade de Saúde de Eixo, em Aveiro.
“Farei tudo o que estiver ao meu alcance para chegar a um acordo”, acentuou Manuel Pizarro.
Segundo o governante, o Ministério está apostado em “combinar a defesa do interesse das pessoas” com “a valorização dos profissionais”.
Pizarro não quis aclarar, todavia, se o Executivo admite ir ao encontro das reivindicações dos sindicatos. “Esse debate vai ser feito na mesa de negociação”, sintetizou, para considerar “estranho”, adiante, que haja greves quando o processo negocial está em curso.Há uma semana realizou-se uma reunião entre os representantes dos médicos e a tutela, mas não houve acordo.
A adesão ao segundo dia da greve promovida pela Federação Nacional dos Médicos rondou os 95 por cento, de acordo com a estrutura. Na quarta-feira, o cálculo apontara para 90 por cento. Houve consultas e cirurgias adiadas nos hospitais e alguns centros de saúde ficaram mesmo sem médicos em serviço.
A FNAM mantém sobre a mesa a exigência de “salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um Serviço Nacional de Saúde à altura das necessidades”.
“O Governo pretende a desvalorização e o esvaziamento do Serviço Nacional de Saúde, estimulando os portugueses a recorrerem cada vez mais e a gastarem os seus parcos recursos recorrendo às instituições privadas, até que reste um pequeno Serviço Nacional de Saúde que só servirá às pessoas que não têm qualquer forma de recorrer aos serviços privados”, reiterou na quinta-feira, em declarações à RTP, Paulo Passos, da Comissão Executiva da FNAM.
A paralisação dos últimos dois dias foi a segunda convocada pela FNAM este ano, após a greve do início de março, que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos. Esta estrutura demarcou-se, então, do protesto por entender que tal não se justificava enquanto decorriam negociações com o Ministério da Saúde.
Na semana passada, concluído o prazo inicialmente previsto para negociações no final de junho, também o SIM acabou por anunciar uma greve nacional nos dias 25, 26 e 27 de julho face à “incapacidade”, por parte da tutela, para “apresentar uma grelha salarial condigna”.
c/RTP e Lusa
