As duas faces do mesmo Mercado. Há comerciantes a pedir horários alargados

O renovado Mercado Municipal de Braga abre portas daqui a precisamente um mês. O regresso ao espaço não gera consenso entre os comerciantes. Se há quem conteste os novos horários, há também quem defenda o prolongamento dos mesmos.

O aumento de rendas também tem dado que falar, mas há comerciantes que as consideram ajustadas para as novas condições do espaço. É o caso de Bruno Fernandes. Vendedor no mercado há cinco anos, o comerciante vai pagar o dobro da actual renda, no novo espaço. Os 105 euros mensais passarão a 220, a que acrescem a factura da água e da luz. Ainda assim, Bruno Fernandes “compreende” o aumento, que diz justificar-se com as novas condições. “Não podemos usufruir de um mercado com as condições que teremos e pagar o que pagávamos antigamente, que não eram valores apropriados”, frisou. 

No antigo mercado, lembrou, “chovia lá dentro”. “Tinha os produtos a estragar-se, ganhavam bolor”.

Por isso mesmo, “a requalificação já era há muito esperada”. “O mercado está espectacular, está muito bonito e é uma mais-valia para a cidade”, afirmou. Para Bruno Fernandes, “as novas condições são excelentes”.

“Temos que olhar para o mercado como uma nova etapa da cidade. Se voltarmos ao que era, termos só uns dias específicos para abrir, o mercado não vai subsistir e dentro de um ano ou dois volta a ser deserto, como estava”, asseverou.

“É um mercado novo, tem que ter um conceito novo e outro público”


Da mesma opinião é Ana Magalhães. Vendedora há mais de uma década, Ana pretende, no renovado mercado, conquistar “outro tipo de clientes, mais jovens e dinâmicos”. “É o que temos em Barcelona, Madrid e pela Europa fora. É um mercado novo, tem que ter um conceito novo e outro público”, afirmou.

“Satisfeita” com a empreitada levada a cabo pela autarquia, a comerciante destaca “a zona de restauração lindíssima, os acessos e a limpeza”. “Para as condições que nos dão não acho uma renda excessiva, quem quiser fazer uma prospecção de mercado no comércio tradiconal do centro da cidade, encontrará rendas de 800, 1.000 ou 4.000 euros”. Ana pagava 150 euros e na mudança para as novas instalações a renda será de mais de 300 euros. No entanto, frisou, terá “uma loja muito mais resguardada, limpa e uma vitrine”.

Rosa Ribeiro vende flores no mercado de Braga há cerca de seis anos. Ao contrário de Bruno e Ana, Rosa considera as rendas “um bocadinho caras”.

Uma situação diferente vive Sónia Silva. Foi criada no mercado e viu o negócio passar do avô para a mãe, de quem viria a herdar o legado. Na sua banca vemos diferentes produtos, que vão do frango, ao bacalhau, passando pelo arroz e os rissóis. Para Sónia, “o mercado está espectacular, muito bonito”. “Foi um bem essencial para a cidade de Braga“, disse. Pagava 420 euros, por um espaço interior e outro exterior. Agora, pagará 220 por um espaço interior. O preço, disse, não é um problema. A única dificuldade será ter acesso ao mercado “nas horas em que precisa”. 

Comerciantes pedem alargamento do horário diário até às 19 horas


O novo regulamento implica uma permanência diária dos comerciantes no mercado. De segunda a sexta-feira, as portas abrem-se entre as 7 horas e as 17 horas. Ao sábado, o mercado funciona até às 14 horas. Domingo é dia de descanso. Também neste ponto, os comerciantes não têm todos a mesma opinião.

Enquanto alguns consideram os horários desajustados, outros defende o seu prolongamento.

“Devia estar aberto até às 19 horas”, sugeriu Bruno Fernandes. Tal como defende Bruno, Ana também considera que o horário devia ser alargado, e não reduzido como contestam outra parte dos vendedores do mercado.

“O conceito mudou. As pessoas querem, depois do trabalho, fazer compras, se o mercado estiver fechado vão ao hipermercado“, exemplificou o vendedor. Bruno disse ainda não fazer sentido que as pessoas que gostem de algum produto voltem ao mercado e o encontrem fechado. “Quem pede redução do horário é quem não vive única e exclsuivamente do seu lugar de mercado. Se formos aos mercados que foram remodelados no país eles estão abertos até às 19 ou 20 horas e ao fim-de-semana também. Ao sábado, o ideal era que funcionasse todo o dia, e ao domingo de manhã. Quanto mais tempo o mercado estiver aberto, melhor”, finalizou Bruno Fernandes.

José Ferreira é vendedor há três anos, divide-se entre as feiras e o mercado, por isso, não sabe se será vantajoso a permanência diária no espaço, já que “é diferente de vir duas vezes por semana”. “Em cidades como o Porto há mercados abertos todos os dias. Acho que Braga também merece“, reiterou.

Já Rosa diz que estar “diariamente” no mercado “é impossível”. “Estamos aqui de manhã à noite e, às vezes, nem aparecem clientes”, justificou.

Sónia, “preferia que alargassem o horário”. “Acho muito bem que seja todos os dias. Antigamente, chamávamos-lhe o mercado fantasma, porque os comerciantes à segunda e à quarta vinham 50 e ao sábado é que vinham os 150”. “Eu preferia que abrisse ao domingo”, referiu também.

A RUM esteve, esta quinta-feira, no Mercado Municipal Temporário a ouvir os comerciantes, que, em breve, se mudam para o renovado Mercado cuja inauguração está prevista para o dia 5 de Dezembro.

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Liliana Oliveira
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Sara Pereira
NO AR Sara Pereira A seguir: Carolina Damas às 17:00
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