As reações dos partidos com assento parlamentar à saída de Centeno

Ao longo do dia, todos os partidos com assento parlamentar reagiram à saída de Mário Centeno.
Está consumada a saída de Mário Centeno do Executivo de António Costa. O até agora ministro das Finanças cede a pasta a João Leão, atual secretário de Estado do Orçamento, foi anunciado esta terça-feira. De saída do Governo, confirmou a RTP, está também Ricardo Mourinho Félix, até agora secretário de Estado das Finanças.
O adeus de Mário Centeno, também presidente do Eurogrupo, ao Governo socialista foi confirmado por uma nota publicada no portal da Presidência da República.
O deputado do PSD, Duarte Pacheco, fala em “teatro e hipocrisia” e confirma aquilo que Rui Rio já tinha dito, não havia outra solução que não a saída de Mário Centeno.
“O PSD entende que deve existir um período de nojo entre funções governativas e automaticamente a sua passagem para funções de direção das entidades reguladoras, nomeadamente do governador do Banco Portugal”, acrescentou, frisando que o nome de Centeno “ou outro qualquer nessas circunstâncias não merecerá a aprovação do Partido Social-Democrata”.
Duarte Pacheco considerou João Leão, o nomeado para dirigir a pasta das Finanças, “uma pessoa competente” e que “desempenhou de forma sagaz a sua função”.
PS fala no “melhor ministro das Finanças de sempre”
Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do Partido Socialista, sublinhou as características daquele que o PS considera “o melhor ministro das Finanças de sempre”.
“Nós tivemos no professor Mário Centeno, desde 2014, uma nova estratégia para Portugal em termos económicos”, tendo o ministro alcançado conquistas “na devolução de rendimentos, na baixa de impostos, no crescimento económico, na criação de emprego”.
“A verdade é que hoje todos os portugueses reconhecem, no professor Mário Centeno, a enorme capacidade de liderar a equipa das Finanças, de prestigiar o país, de credibilizar as instituições europeias”, defendeu o PS.
PAN diz ser “lamentável” data escolhida para a saída
André Silva, do PAN, considerou “lamentável” a data escolhida para anunciar a saída de Mário Centeno do Governo, apesar de elogiar o desempenho do ministro durante os últimos anos.
“É profundamente lamentável que o anúncio da saída de Mário Centeno se dê precisamente no dia em que o Parlamento agendou um debate sobre as regras de nomeação do Banco de Portugal porque sabemos há muito tempo (…) que seria este o objetivo do Governo e de Mário Centeno”.
O PAN pretende “acabar com esta dança de cadeiras entre a banca comercial, o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal”, que considera uma “falta de ética”.
PCP quer conhecer “opções políticas” do novo ministro
O PCP não quis especular sobre a eventual passagem de Mário Centeno para o Banco de Portugal. Considerando que os nomes não são tão relevantes como as políticas e, o partido quer saber quais são as opções políticas do novo ministro.
“Aquilo que é importante para o PCP neste momento é efetivamente que opções políticas serão adotadas e que o Governo irá adotar para resolver os problemas existentes no nosso país”, explicou Paula Santos.
PEV espera que novo ministro dê prioridade a “mais justiça fiscal”
O deputado do PEV José Luís Ferreira manifestou a expetativa de que a substituição do ministro das Finanças “traga mais justiça fiscal” num momento em que é necessário relançar a economia.
“O mais importante não são as pessoas, são as políticas. Vamos esperar que a remodelação traga mais justiça fiscal num momento em que é necessário relançar a economia”, afirmou o deputado.
BE diz que saída de Centeno “tornou-se evidente” com episódio do Novo Banco
O BE afirmou que a saída de Mário Centeno do Governo “tornou-se evidente” desde a injeção de capital no Novo Banco sem o conhecimento do primeiro-ministro, e considerou que haverá uma “solução de continuidade” nas Finanças.
Em declarações aos jornalistas no Parlamento, a deputada e dirigente do BE Mariana Mortágua salientou que, para o partido, “o mais importante não é a discussão de nomes, mas de políticas”, nomeadamente do orçamento suplementar hoje aprovado pelo Governo.
“Esta saída de Mário Centeno do cargo de ministro das Finanças tornou-se evidente com o episódio de injeção do Novo Banco, sem auditoria independente, e sem que aparentemente o primeiro-ministro tivesse tido conhecimento”, frisou.
André Ventura vê momento do anúncio como “irónico”
Em reação ao anúncio da saída de Mário Centeno do Governo, André Ventura, deputado do Chega, considerou “irónico” que o ministro seja substituído antes de ser aprovado novo normativo sobre nomeações para entidades independentes.
CDS critica “péssimo timing” da remodelação
O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, criticou o “péssimo timing” da remodelação do ministro das Finanças, que elaborou “o orçamento retificativo”, mas já não irá defendê-lo perante a Assembleia da República.
“O CDS, há algumas semanas, vinha perguntando sobre o estado das relações entre o ministro das Finanças e o primeiro-ministro e, no último debate quinzenal, perguntou quando é que o ‘Ronaldo das Finanças’ seria transferido, se antes ou depois do retificativo”, afirmou Rodrigues dos Santos.
Para o líder do CDS-PP, a “descoordenação do Governo deve ser imputada ao primeiro-ministro”, que tem a responsabilidade da gestão de equipas, falando mesmo em “novela inusitada”, depois de António Costa ter feito “rasgados elogios ao Ronaldo das Finanças”.
Iniciativa Liberal preocupada com mudanças nas Finanças no meio da crise
A Iniciativa Liberal defendeu que a “continuidade de políticas” apesar da saída de Mário Centeno das Finanças é uma “má notícia”, considerando preocupante que, em altura de crise, haja mudanças “a meio do jogo” num ministério fundamental.
Para o deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, esta saída foi “talvez o segredo mais mal guardado dos últimos tempos da política portuguesa e um tabu que nunca chegou a ser”.
RTP C/Lusa
