Assembleia aprova recomendação da CDU para ligar Braga a Guimarães através da ferrovia

A Assembleia Municipal de Braga aprovou uma recomendação da CDU para incluir no Plano Ferroviário Nacional (PFN) a ligação direta de Braga a Guimarães, através de ferrovia. Os comunistas apontam críticas à solução encontrada pelo Governo, que propõe a instalação do Bus Rapid Transit (BRT).
João Batista diz, até, que a ligação ferroviária direta entre as duas cidades custaria metade aos cofres nacionais.
“A aposta na ampliação da rede local é um imperativo regional e nacional e a proposta do Plano Ferroviário Nacional está muito longe de responder às necessidades de desenvolvimento de Braga”, começou por dizer o deputado.
Para o comunista, o BRT anunciado não passa de um “atirar de areia para os olhos”, considerando-a “uma solução paliativa que não resolve o problema”. “Um BRT transporta 80 a 150 passageiros e um comboio urbano 900”, detalhou João Batista.
Elencando os custos iniciais que o BRT vai implicar, relacionados com “a aquisição de todo o material, formação, operação e construção de uma nova rede viária a ligar quadrilátero”, o deputado da CDU lembra que, no que diz respeito à ferrovia, “falta apenas a ligação Guimarães- Fafe” e, sugeriu, “aproveitar parte do traçado A11 – Braga- Guimarães -, para o canal ferroviário”. Em contraponto com os custos anunciados pelo Governo para a instalação do BRT, que pode chegar aos mil milhões de euros, João Batista diz que, feitas as contas, a ferrovia custaria “450 milhões”, ou seja, “menos de metade do valor anunciado”. A CDU diz ainda que “o BRT apenas abre caminho a criação de mais uma empresa municipal”.
O PSD absteve-se na votação. João Marques não põe de fora a hipótese de ligar os dois concelhos através da ferrovia, se se provar que essa é a melhor aposta para a região. “ Desejamos é que finalmente se avance para uma solução de mobilidade, consistente, sustentável e que dê resposta aos anseios da região”, justificou. A CIM Cávado quer priorizar a ligação do quadrilátero através do BRT e espera que esta seja também a opção do Governo.
A Iniciativa Liberal acompanhou os comunistas e votou favoravelmente, “sob condição do projeto ter viabilidade económica”. Bruno Machado acredita que esta poderá ser “uma boa solução”.
Os dois deputados do Chega votaram contra. Filipe Melo aconselhou a CDU a fazer chegar esta recomendação ao Parlamento, através do seu grupo parlamentar. “O ministro já disse que tenciona reunir com o presidente da Câmara de Braga e de Guimarães”, lembrou Filipe Melo, considerando, por isso, o “timing inadequado”.
As Assembleias Municipais de Braga, Guimarães, Barcelos e Fafe contestaram, por proposta da CDU, este Plano.
Ordem dos Engenheiros também defende ligação ferroviária direta entre Braga e Guimarães
Também a Ordem dos Engenheiros, citada pelo deputado municipal da CDU, já se manifestou contra a solução encontrada pelo executivo de António Costa. O presidente do conselho diretivo da secção Norte da Ordem dos Engenheiros propõe a construção de uma linha de comboio direta entre Braga e Guimarães, com tempo de viagem máximo de 10 ou de 15 minutos se houver uma estação nas Taipas.
De acordo com a proposta, esta ligação pode custar entre 400 a 450 milhões de euros, sendo que na opção mais barata, é necessário construir um túnel de cerca de 3,2 quilómetros. Já na versão mais cara, o túnel terá de ter 4,5 quilómetros.
Se forem acrescentados cerca de 150 milhões de euros, Guimarães pode ficar a menos de uma hora de comboio de Viana do Castelo e com paragem em Barcelos e Braga. Com a vantagem, acrescentou, de se tratar de uma proposta orçada em cerca de metade do orçamento inicialmente defendido pelo secretário de Estado das Infraestruturas que orçaria os mil milhões de euros e envolver a construção de um túnel com cerca de nove quilómetros.
O secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, considera que “será muito difícil justificar” a existência de ferrovia pesada entre Braga e Guimarães, pelo elevado custo estimado da empreitada, de “centenas de milhões de euros”.
