Bairro C tira das sombras a memória industrial e ajuda a descarbonizar

Cultura, criatividade, comunidade e conhecimento são os ingredientes que compõem o projecto Bairro C desenvolvido pela Câmara Municipal de Guimarães em parceria com a Contextile 2020, Big e o Laboratório da Paisagem. A sessão de apresentação teve lugar no Instituto de Design, no campus de Couros da Universidade do Minho, esta segunda-feira. 

Na cerimónia marcaram presença a vereadora da Cultura do Município de Guimarães, Adelina Paula Pinto, o vereador com o pelouro do Urbanismo, Fernando Seara de Sá, e o adjunto da vereadora da Cultura, Paulo Silva, responsável pela apresentação do programa.

O objectivo desta iniciativa, que será realizada ao longo dos próximos três anos (2020-2022), passa pela reinterpretação do território abrangido pela Zona de Couros, Teatro Jordão, Rua da Caldeiroa, seguindo por percursos pedonais, desde a Casa da Memória ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães. Espaços considerados “invisíveis” que, ao longo dos últimos anos, têm vindo a ser requalificados e onde nasceram, a título de exemplo, o Instituto de Design e o Centro de Ciência Viva. 

O Bairro C conta, para 2020, com uma verba de 40 mil euros. Aos jornalistas, a vereadora com o pelouro da Cultura, Adelina Paula Pinto, frisa que a grande ambição da autarquia passa por criar “um espaço laboratorial”. A também vice-presidente do Município de Guimarães sublinha que esta foi, durante muitos anos, uma zona “ostracizada”, uma vez que a ribeira de Couro “cheirava mal”, e, recorde-se, era onde estava localizado o património industrial da cidade.  Agora, é essencial demonstrar o que de bom tem sido feito na região que ganhou identidade e, assim, “acrescentar cidade à cidade” através da ousadia da arte pública.

Adelina Paula Pinto acrescenta, por isso, um novo “C” ao projecto. “A conectividade é basilar. O Bairro C não é um evento, pois não se esgota em 2022. Era fácil contratar artistas que fizessem alguns trabalhos, mas esse não é o objectivo. Queremos conectar o físico com a história, com o trabalho que aqui foi feito, com as memórias das pessoas e com a Cultura. Ou seja, unir o material com o imaterial”, declara.


A Câmara Municipal de Guimarães tem a ambição de ver classificado como património da humanidade o território adjacente ao Centro Histórico de Guimarães. No próximo ano a cidade celebra os 20 anos do reconhecimento do Centro Histórico como Património da Humanidade pela UNESCO e, em 2022, os 10 anos de Capital Europeia da Cultura.

Bairro C vedado ao trânsito automóvel. 

A cultura estará de mãos dadas com a sustentabilidade, uma vez que este será um espaço vedado à circulação de automóveis. 

Adelina Paula Pinto não tem dúvidas que estes percursos vão fazer com que não seja necessária a utilização do automóvel. “A maioria dos vimaranenses não conhece estes percursos, porque anda de carro. Queremos mostrar que há espaços belíssimos no interior, ao longo do rio”. Espaços esses que vão ganhar uma nova vida com peças de arte urbana. “Estamos a ser pouco inteligentes a utilizar o automóvel, pois acabamos por dar uma volta maior”, refere. 

Túnel debaixo da Avenida Afonso Henriques poderá acolher exposições.

O vereador com o pelouro do Urbanismo não se compromete com uma data específica, adiantando apenas que é expectável que a requalificação deste equipamento esteja concluída por altura da inauguração do Teatro Jordão. 

Fernando Seara de Sá explica que o túnel vai ganhar uma nova identidade, sendo uma componente fundamental na ligação entre o território adjacente ao Centro Histórico de Guimarães. Além disso, o vereador considera que este poderá ainda ser utilizado para “conferências e exposições”. 

Programação do Bairro C arranca já este fim-de-semana. 

Neste momento estão em curso intervenções de arte urbana na Rua da Ramada, com destaque para o graffiti no muro entre o Instituto de Design de Guimarães e o Centro de Ciência Viva, estando previstas intervenções artísticas na Rua da Liberdade e Avenida Conde de Margaride, até ao final do ano.

No programa, realce para as conferências onde serão discutidos temas sobre a Cidade e a Arte Pública. Este ciclo de conferências abre já na sexta-feira, 10 de Julho, às 18h00, com a conferência “Visão de Cidade C (Sê) Guimarães – Uma visão de Futuro”, com intervenção de António Cunha e Ivo Oliveira (Universidade do Minho). 

“Importância da Arte Pública – “Curar a Cidade – Riscos e Oportunidades para Palcos e Galerias” é tema de outra conferência, a realizar no dia 12 de Julho, às 18h00, no Terrado do Mercado Municipal, com intervenção de Edgar Pêra e João Carvalho.

Entre um leque de convidados conceituados no âmbito da arquitectura, design ou fotografia, o destaque vai para a Conferência Internacional sobre as artes de passeio em Guimarães, a decorrer entre os dias 22 e 24 de Julho – Driting Bodies / Fluent Spaces – com a participação de Francesco Careri (IT), Karen O’Rourke (US/FR), Duarte Belo (PT).

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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