Biniam Layne: o refugiado que renasceu na cidade berço

Biniam Layne tem 23 anos, nasceu na Eritreia, no continente africano, mas agora tem morada em Guimarães, o lugar onde diz ter encontrado “paz e segurança”.

Ele foi uma das muitas pessoas que pagou para sobreviver. Fugiu da guerra do seu país, passou um ano até que chegasse a Portugal. Passou, de forma ilegal, pelo Sudão, Egipto, Líbia e chegou à Europa, com desembarque em Itália. Daí o destino trouxe-o à cidade onde nasceu Portugal, corria o ano de 2016. Pouco tempo depois, arranjou trabalho. E agora, mais de três anos volvidos, Biniam trabalha na restauração e até já tem uma filha nascida na cidade berço.

No Dia Mundial da Rádio, a RUM abriu as portas à diversidade, de cultura e realidade, para conher a história deste refugiado que integrou o programa “Guimarães Acolhe”.

“Temos uma guerra, alguns problemas e deixamos a nossa terra. Foi muito mau, nós não saímos, nós fugimos”, contou em entrevista à RUM.

Biniam chegou sem saber falar a língua portuguesa, o seu primeiro entrave, mas não baixou os braços. Foi aprender. Agora, diz, “a cidade é muito fixe, é muito tranquilo, e tem muito boas pessoas”.

Na gastronomia, as diferenças entre os dois países aumentam a dificuldade de quem chega cozinhar as suas próprias refeições. O mesmo se prende com a pontualidade e o rigor dos horários de trabalho. “Na Eritreia, se eu entro às 12 horas e chegar às 12h30, as pessoas não ligam. Cá é diferente”, exemplificou.

Isabel Baptista, coordenadora do projecto “Guimarães Acolhe”, explica que o processo de legalização dos refugiados que chegam “exige alguma paciência”. Quem trabalha com este programa pretende “garantir as condiçoes mínimas para o seu bem-estar, como o alojamento, e há imensa dificuldade em arranjar casas que eles consigam pagar, mas também no acesso à aprendizagem da língua, na procura de emprego, saúde e educação”.

Quem recebe, conta a coordenadora, “tem que aprender a lidar”. “Um dos gostos que eles têm é em se autonomizar e eles próprios poderem confeccionar as suas refeições de acordo com os seus gostos pessoais”, comentou ainda Isabel Baptista, para quem a diversidade é “compreender a diferença e saber que somos todos diferentes mas iguais na forma de sentir”.

Biniam deixou família na Eritreia e todos os meses envia dinheiro para os pais. No futuro, espera melhorar o nível de português e ingressar na Universidade.

Guimarães Acolhe ajuda 43 cidadãos e a maioria já está inserida no mercado de trabalho


O projecto, com selo da autarquia vimaranense, visa criar condições para o acolhimento e integração de pessoas com necessidades de proteção, planear e organizar o processo de acolhimento ao nível local, tornando-o eficaz, e pretende ainda salvaguardar no processo de acolhimento o respeito pela cultura de quem chega.

O “Guimarães Acolhe” apoia actualmente 43 cidadãos com necessidade de proteção internacional, 31 homens e 12 mulheres .

Estas pessoas encontram-se alojadas em locais como a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães (12); Venerável Ordem Terceira S. Francisco (12); Centro Juvenil de S. José (5) e Lar de Santa Estefânia (2). Em processo de autonomização, em alojamento arrendado pelos próprios, estão 12.

Chegam sobretudo da Eritreia (22), mas também da Síria (9); Sudão (5); Nigéria (2); República Centro Africana (1); Mali (1); Costa do Marfim (1); Egipto (1) e Somália (1)

Dos acolhidos, 18 são cidadãos individuais, com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos, havendo ainda 10 crianças.

A grande maioria está inscrita e frequenta aulas de português no Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda.

A integração no mercado de trabalho tem decorrido bem. Dos 31 cidadãos e cidadãs em idade ativa, 24, encontram-se inseridos no mercado de trabalho, nomeadamente restauração (4); serralharia (2); serviços (3); indústria; construção civil (3); cabeleireiro (1) ou eletricidade (1).

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Liliana Oliveira
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Sérgio Xavier
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