Bracarenses chamados à rua para exigir soluções para a habitação

Na tarde deste sábado, dia 30 de setembro, são esperados muitos portugueses nas ruas de mais de vinte cidades, incluindo Braga, aderindo ao protesto convocado pelo movimento Porta a Porta Casa para Todos, criado há vários meses para dar eco aos problemas dos portugueses em matéria de habitação, com a inflação dos preços das casas e dos créditos bancários.
Baixar as prestações do crédito à habitação, baixar e fixar o valor das rendas e garantir a renovação dos atuais contratos de arrendamento são duas das seis exigências que o Movimento Porta a Porta Casa Para Todos apresenta e que vai reclamar junto do Governo de maioria absoluta, numa ação nacional, que decorrerá em mais de vinte cidades do país de forma simultânea, na tarde deste sábado.
Milhares de famílias portuguesas vivem hoje na angústia de perder as suas casas, seja por via de créditos à habitação muito altos, como pelo arrendamento a preços que começam a tornar-se incomportáveis. As mais recentes medidas anunciadas pelo Governo, através do programa Mais Habitação são insuficientes, na ótica deste movimento nacional que sensibiliza cada vez mais pessoas.
Cândido Almeida, diz que as pessoas estão sensibilizadas até porque “é difícil não estarem de acordo quando estão a pagar este preço”. Cândido era esta manhã um dos vários membros do movimento a distribuir pela população panfletos que convidam a população a aderir à manifestação do próximo sábado. “Falta mais pessoas a vir para a rua e pedir satisfações ao governo e mudanças políticas para esta questão”, admite em tom de desafio em declarações aos jornalistas.
Quando diariamente surgem notícias relacionadas com as dificuldades “sérias das famílias”, Cândido Almeida lamenta que o governo não esteja a agir de acordo com a seriedade que o problema exige. “Isto é um dos problemas dos governos com maioria absoluta, deviam ouvir outras pessoas, quem sente as dificuldades e facilmente se aperceberiam que este não é um problema que pode ser banalizado. São dificuldades sérias, são pessoas a perder casa, são pessoas a voltar para a casa dos pais e são estudantes que não só perdem o direito à habitação como à educação”, já que não podem estar deslocados a estudar por força das dificuldades financeiras dos pais, exemplifica. Referindo que se trata de “uma bola de neve que encadeia uma série de problemas”, antecipa um aumento da criminalidade, que hoje pode ainda não se sentir, mas que se sentirá “mais à frente”.
Durante a conferência de imprensa de apresentação desta manifestação, que coincidiu com uma promoção da iniciativa junto de quem passava junto ao café A Brasileira, a organização conseguiu no imediato assegurar a presença de mãe e filha no próximo sábado. Rita Marques, com 24 anos e o namorado, com 25, ambos com trabalhos, estão à procura de casa há mais de um ano na cidade de Braga, mas até agora não conseguiram encontrar qualquer imóvel a um preço aceitável para dar o próximo passo. ermanecem em casa dos pais e lamentam que apesar de terem os seus trabalhos não consigam sair de casa e começar a própria família. Começaram por procurar no mercado de arrendamento, mas confrontados com os valores começam a equacionar a possibilidade de procurar um imóvel para compra, recorrendo ao crédito habitação, mesmo que as taxas de juro se encontrem atualmente muito acima do pretendiam. “Já equacionamos a compra porque o aluguer está a um preço completamente absurdo. Quem tiver algum pé de meia, ainda há oportunidades de compra mais vantajosas. Chegar ao final do mês e estar a pagar por um T1, 700 euros, mais os custos, é impensável para um jovem casal que ganhe o salário mínimo”, admite.
O movimento apela à população para que se associe a esta ação de luta no sentido de pressionar o governo a tomar novas medidas no imediato.
