Braga: Porta-voz do Urbac-19 e vereador trocam acusações

Pela segunda semana consecutiva o porta-voz do movimento Urbac-19, composto por mais de cem restaurantes da cidade de Braga, voltou a criticar publicamente o que considera a “inação e show-off” do Município de Braga a propósito da lista de medidas de apoio ao sector anunciadas há mais de um mês por Ricardo Rio.

O porta-voz do movimento, Tiago Carvalho, acusa o executivo bracarense de “algum cinismo e mentira” a propósito da iniciativa ‘Braga de Porta Aberta’. O empresário reivindica a autorização de esplanadas com estrado no centro da cidade e refere que a Câmara Municipal de Braga está atrasada nas respostas. O município decidiu isentar os estabelecimentos de taxas de esplanadas, mas o porta-voz denuncia que os empresários continuam à espera de respostas. “A Câmara Municipal de Braga veio dizer que já há muitas esplanadas licenciadas. Mas quais são as esplanadas novas no centro da cidade?” questiona. 

Referindo que se trata de uma ferramenta “essencial para a sobrevivência de muitos negócios”, o porta-voz afirma que na rua D. Afonso Henriques “não há esplanadas novas”, mas sim uma extensão das existentes e acusa a Polícia Municipal de “remover duas esplanadas do centro histórico que tinham dois cartazes a alertar para o muito que se falou e o pouco que a CMB fez”,deixando a funcionar esplanadas ilegais. 

A autarquia não autoriza a colocação de esplanadas com estrado nalgumas zonas, mas Tiago Gonçalves avisa que a medida não corresponde ao anteriormente anunciado. “As esplanadas novas podiam salvar alguns negócios. Há cidades que cortaram ruas e nós nada. Parece que a restauração em Braga não tem problemas. A autarquia tem que olhar para nós e resolver. Não autorizar colocar esplanadas com estrado é capricho de alguém“, insistiu. 

“A esplanada sem estrado é a mesma coisa que não ter. A CMB que deixe de ser cínica. Da mesma maneira que implementou o horário zero, agora que olhe para este assunto e resolva. Não estamos em tempo de estudos. Eu ainda não recebi uma resposta ao requerimento que fiz à minha esplanada”, denuncia.

O porta-voz da Urbac-19 avisa que “quem andou a tirar fotos quando os restaurantes abriram não vai querer estar na foto em Outubro e Novembro quando aparecerem os despedimentos”. 

“Se a CMB acha que é responsável quando as coisas correm bem, é preciso que assuma a responsabilidade quando o desemprego começar a aumentar. É preciso que aquele gabinete de crise de facto funcione”, atira Tiago Carvalho.

Vereador João Rodrigues avisa que o problema de Tiago Carvalho é o seu próprio restaurante

O vereador com o pelouro da Gestão e Conservação do Espaço Público, João Rodrigues, refuta as acusações do porta-voz do Urbac, considerando até que as principais preocupações manifestadas publicamente estão sempre relacionadas com o seu próprio restaurante.

Ouvido pela RUM, o responsável político explicou que a situação “parte de uma impossibilidade de se realizar uma pretensão do Tiago Carvalho para o restaurante dele”. “Nunca foi prometido a ninguém estrados em lugares de estacionamento. Na rua D. Afonso Henriques todos aumentaram as suas esplanadas, e foi dada a possibilidade ao Tiago Carvalho que o fizesse, mas o responsável do Urbac não quis porque queria instalar o estrado em lugares de estacionamento, mas isso não é autorizado pelo município”, esclarece.

Já na reunião, o responsável da Urbac “esteve mais preocupado com o estrado do restaurante dele e em que a CMB fiscalizasse as as esplanadas à volta do restaurante dele, do que propriamente com os interesses de todos os restaurantes”. João Rodrigues vai mais longe e revela que o município autorizou Tiago Carvalho a instalar esplanadas sem estrado durante o dia, retirando à noite depois de encerrar o espaço para libertar os lugares para moradores, mas o mesmo “não aceitou”.

Na óptica da autarquia, as esplanadas “estão sempre cheias na cidade toda” (zona histórica, zona urbana e zona) rural, por isso, afirma João Rodrigues “o problema é apenas um, a pessoa que encabeça o Urbac não está a conseguir o que quer para o seu restaurante”. “As esplanadas aumentaram e muito a sua área, não pagaram, e mais do que isso a CMB não pode fazer”, continua.

Sobre outros problemas levantados, nomeadamente o “excesso de zelo na fiscalização do estacionamento”, o vereador refere que a Polícia “tem que multar” quando o estacionamento é indevido.

Segundo João Rodrigues, muitos negócios que não tinham esplanada fizeram o pedido, processos “mais burocráticos” que demoram mais tempo, mas recusa ter reclamações neste momento. 

“Ninguém está a ser prejudicado, eu acho que estão a ser claramente beneficiados”, explica, considerando que “não é justo” fazer avaliações como as do porta-voz do movimento Urbac 19.