Braga vai enviar moção contra “desclassificação” dos museus para a esfera municipal

O executivo Municipal de Braga vai endereçar uma moção ao Governo contra a desclassificação dos museus D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos para a esfera municipal. A proposta foi apresentada pelo PS e aprovada por unanimidade, em sede de reunião de câmara, esta segunda-feira.
Recorde-se que a moção visa demonstrar o desagrado face à decisão tomada pelo Ministério da Cultura quanto à reorganização das competências das Direções Regionais de Cultura proposta pelo Governo. Desta forma os espaços culturais passariam de estruturas regionais para municipais.
A partir de 1 de janeiro de 2024, a Direção-Geral do Património Cultural vai dar origem a duas entidades distintas: o instituto público Património Cultural, com sede no Porto, e a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, com sede em Lisboa.
Ora, em declarações aos jornalistas no final da reunião camarária, Adolfo Macedo, que levantou o assunto, frisa que o espólio quer do museu dos Biscainhos quer do D. Diogo de Sousa é “único a nível nacional”, logo será um erro desvalorizar este património.
“O acervo de interesse nacional, não pode ser desvalorizado. Temos esperança de que esta decisão seja revertida”, declara.
Neste momento, está em circulação uma petição “Em defesa do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa”, já subscrita por personalidades como Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura, os artistas Sérgio Godinho e Pedro Abrunhosa, entre outras. Até às 14h30 desta segunda-feira, a petição online já contava com mais de mil assinaturas.
A vereadora da CDU, Barbara de Barros, fala num “bom exemplo” do Município de Braga, no sentido de “exercer pressão” sobre as decisões que lhe dizem respeito junto da Administração Central.
Para o presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, este processo já começou “bastante mal”, visto que não foram envolvidas todas as partes, nomeadamente, os responsáveis dos espaços culturais e as autarquias. O edil lamenta o silêncio por parte do Ministro Pedro Adão e Silva que continua sem contactar a autarquia em relação aos “termos em que essa transferência seria concretizada”.
“Não concordamos com essa medida, achamos que (os museus) deveriam continuar a ser geridos pelas estruturas regionais como bem vinha acontecendo até aqui”, defende.
O documento, proposto pelos vereadores do PS, será enviado para o Governo e pretende travar a integração dos espaços na esfera municipal.
