“A minha vida mudou para muito melhor desde que o Farrusco apareceu”

“A minha vida mudou para muito melhor desde que o Farrusco apareceu”. Rita Pereira é natural de Vila Nova de Famalicão e foi uma das munícipes que adoptou um ‘cãopanheiro’ no canil municipal. O Farrusco foi abandonado numa escola do concelho e, depois, levado para o canil. Mais tarde, a família Pereira escolheu-o ou, como diz Rita, o Farrusco escolheu a família.
“Tinha medo de alguns objectos e sons fortes”, mas estava, aparentemente, bem tratado, apesar de um pouco magro. “Era muito dócil, dava-se bem com outros cães, aceitava as pessoas, mas percebíamos que ele estava habituado a estar sozinho. Acho que isso revelava um bocadinho da vida que se calhar ele teve”, contou à RUM a jovem.
Agora, parece “um cão diferente, mais divertido”. “Acho que os animais têm memória e não se esquecem do passado que tiveram. Em pequenas coisas do dia-a-dia percebemos que existem ali marcas de um passado que ele teve e nós desconhecemos, mas é um cão diferente para melhor”, revelou.
Segundo Rita Pereira, o animal tinha, no momento da adopção, “alguma caspa”, mas o problema já estava a ser tratado pelo canil. A adopção, contou ainda, “incluia o chip e a desparatização”. “Só tenho que agradecer ao canil de Famalicão, porque fazem um trabalho exemplar. Da experiência que tenho foram um excelente elo de ligação entre o animal e o dono. É graças a eles que tenho o farrusco na minha vida”, acrescentou.
Mais abandono, menos adopções
Farrusco era apenas um dos muitos animais que ainda esperam por uma família. Neste momento, existem, em Famalicão, “mais de 100 animais para adoptar”. O vereador com o pelouro da Defesa dos Animais e responsável pelo canil famalicense, Pedro Sena, admite que “tem havido uma quantidade brutal de animais abandonados”, embora não seja possível associar directamente o aumento com a pandemia da Covid-19.
“Por norma, o mês de agosto é terrível, mas reconheço que não aumentou tanto como em outros anos. No geral, toda a época aumentou significativamente”, afirmou.
Em 2019, no mês de Julho, foram adoptados no concelho “400 animais”. Este ano, apenas “332”.
Há anos em que são recolhidos “600 animais”, o que dá uma média de “50 por mês”, sendo que “há noites em que são recolhidos seis ou sete”.
Se recuarmos no tempo, segundo dados da Direcção- Geral de Alimentação e Vetrinária, em 2017 foram adoptados 433 animais e, um ano depois, 541. O mesmo relatório diz que o ano passado foram recolhidos 893 animais e 180 foram esterilizados.
“No início da pandemia, diminuiu drasticamente o número de adopções”, afirmou Pedro Sena.
O centro de recolha está sempre lotado. Por isso mesmo, a Câmara de Famalicão avançou com a construção de um novo espaço para os animais. A obra já está no terreno e contará com 80 boxes para cães, 45 para gatos e quatro para outro tipo de animais. A nova casa destes animais estará pronta em 2021.
“Somos reconhecidos por irmos ao terreno e por fazermos a recolha o mais eficaz possível, mas as associações que têm trabalhado connosco têm feito um trabalho extraordinário”, fez saber Pedro Sena.
Com as limitações impostas pela pandemia, a campanha de rua que habitualmente se faz em Famalicão parou, mas os animais não deixaram de poder ser adoptados. Para já, os interessados devem agendar a sua visita ao canil para escolher um animal. Os animais são “desparasitados, vacinados e esterilizados”.
“Temos animais fantásticos. O animal não é um brinquedo. Se adoptarmos, estamos a criar um amigo para a vida. Faz toda a diferença na vida dele, mas ele vai fazer toda a diferença na nossa vida“, frisou o vereador.
Neste momento, o município leva a cabo uma campanha, denominada “Cuidar é esterilizar”, que pretende atribuir cheques veterinários aos famalicenses, para ajudar a suportar o custo da esterilização dos seus animais.
As candidaturas para este apoio, que se destina tanto a gatos como a cães, devem ser realizadas no balcão único de atendimento do Município.
Nova lei agrava penas de prisão a quem matar animais de companhia
Entrou em vigor, esta quarta-feira, o novo regime sancionatório aplicável aos crimes contra animais de companhia. Esta é a terceira alteração à lei de 2014 que condena os maus-tratos e a morte de um animal, “sem motivo legítimo”, o crime passa agora a ser punido com pena de prisão de 6 meses a dois anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias.
Aprovada a 23 de julho de 2020 e publicada a 18 de agosto, a nova lei eleva num terço as penas se a morte do animal estiver envolvida “em circunstâncias de especial perversidade”.
O valor das multas aplicadas aos criminosos passam em parte a reverter para as instituições que ficam com os animais recolhidos a seu cargo.
