Cantina do Virar a Página aberta em agosto apesar das dificuldades acrescidas
O mês de agosto dificulta o trabalho da Associação Virar a Página que vive exclusivamente de voluntários e donativos privados. Pelas contas de Helena Pina Vaz, só no mês de julho foram servidas perto de 10 mil refeições e 21 novos beneficiários começaram a receber este apoio. A resposta alimentar de emergência nasceu em Braga com o fecho de outras respostas sociais logo no início da pandemia da Covid-19. Desde então foram servidas perto de 534 mil refeições, no total.
Entre janeiro e junho de 2024 o Virar a Página serviu cerca de 61 mil refeições.
A coordenadora do projeto, Helena Pina Vaz, conta à RUM que todos os dias vêm voluntários diferentes e que é preciso uma gestão “muito grande e focada” para conseguir fazer tudo. “Começamos logo de manhã cedo. Há pessoas que vêm às oito e, depois, tentámos fazer tudo rapidamente, para não empatar os trabalhos seguintes de quem vai buscar e entregar”, refere numa entrevista à RUM concedida na cantina em funcionamento na Rua Dr. Francisco Machado Owen, em Santa Tecla.
A associação trabalha, acima de tudo, com excedentes e donativos alimentares de forma a diminuir o desperdício. “Tentamos que todas as pessoas tenham forma de congelar a comida, até porque os nossos donativos são muito irregulares”, explica. E porque o projeto vive sobretudo da boa-vontade das pessoas, a associação só tem uma funcionária assalariada: a Nadege. Natural dos Camarões e com quatro filhos, Nadege é o ponto de contacto entre todos na associação. “Estamos sempre a ver até quando a conseguimos manter [Nadege], até quando conseguimos pagar um salário. Ela é responsável pelo espaço, para ter alguém que faça uma ponte entre toda a gente que entra e sai”, explica Helena Pina Vaz. A jovem cozinheira conta que quis trabalhar para o Virar a Página pela forma como foi recebida e ajudada quando imigrou para Portugal.
“Todos temos os dias ocupados. É certo que temos aqui pessoas reformadas que podiam estar a fazer outra coisa da sua reforma, mas mantêm o seu compromisso. E mesmo os que estão a trabalhar, arranjam sempre maneira de conciliar”, adverte Helena Pina Vaz num apelo a mais ajuda e voluntários.
Maria Cavaco, Maria Alzira e Irene Thomas são algumas das voluntárias na cozinha do Virar a Página. Há quem só possa ajudar uma vez por semana e quem consiga dedicar mais tempo ao projeto. Ainda assim, têm todas um objetivo comum: ajudar quem mais precisa a virar a página.
