CAOJ de Guimarães abriu portas nas antigas instalações do Cybercentro

Guimarães acolhe a partir de agora, nas antigas instalações do Cybercentro, um Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens (CAOJ) da Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA”.
A cidade berço conta com “uma significativa taxa de incidência de casos” de VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana).
Adelina Paula Pinto, vice-presidente da Câmara de Guimarães, desconhecia a realidade do território a este nível. “Há pessoas, com alguma idade, que se recusam a ir ao Hospital em Guimarães ou a levantar a medicação e vão ao Porto e isto é algo que não devia acontecer. A cidade tem que dar resposta às suas necessidades”, afirmou a autarca na inauguração do novo espaço.
O objetivo é trabalhar a população para o estigma que ainda existe à volta desta doença crónica. Por isso, as escolas e os jovens são envolvidos no processo. A Fundação promove 12 sessões, uma vez por semana durante 60 minutos, para que os jovens trabalhem o tema, com a ajuda de um voluntário universitário. Além disso, o projeto envolve ainda o Estabelecimento Prisional de Guimarães e os sem-abrigo, através da Cruz Vermelha Portuguesa.
“É importante que a comunidade perceba que há mais um serviço instalado em Guimarães,onde qualquer pessoa do concelho, de qualquer idade, pode colocar dúvidas, ser encaminhado ou realizar rastreios”, informou Adelina Paula Pinto.
A vice-presidente da autarquia não teve dúvidas em acolher o projeto em Guimarães por se tratar de “uma problemática que tem vindo a avançar e por ser um programa válido para a Sida, a Sífilis e também para trabalhar a responsabildade dos miúdos, a autonomia, a perceção deles e dos outros”.
“É com os jovens que temos que trabalhar para prevenir”, acrescentou.
O edifício acolherá outros serviços municipais para evitar o eventual olhar discriminatório de quem lá entre.
“O estigma é o pior dos males em meios pequeneos. As pessoas ainda são ostracizadas por serem seropositivas”, afirmou Duarte Barros, responsável pelo CAOJ de Guimarães.
“No caso do VIH, a zona de Guimarães é das que tem uma taxa mais elevada de infeção”
“No caso do VIH, a zona de Guimarães é das que tem uma taxa mais elevada de infeção, ultrapassada pelo grande Porto, zona do Tâmega e Viana do Castelo, mas, ainda assim, com uma significativa taxa de incidência de casos”, adiantou o responsável.
O apoio chega também “aos afetados, ou seja aos que rodeiam os seropositivos”.
Em caso de comportamentos de risco, o centro disponibiliza teste de rastreio HIV, “anónimos e gratuitos, com resultado em cinco minutos e com grau de eficácia de 98%”.
Segundo Filomena Frazão de Aguiar, presidente da Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA”, há ainda “o serviço de apoio ao domicílio para fazer o rastreio”, sendo apenas necessária marcação.
A presidente garante que “os casos aumentaram”, durante a pandemia. “Não podemos esquecer as doenças crónicas, nomeadamente o VIH. A Sífilis está a aumentar exponencialmente. Fizemos um rastreio e detetamos jovens com 20 e poucos ano com todas as doenças sexualmente transmissíveis. A pessoa seropositiva mais velha que acompanhamos tem 86 anos”, acrescentou Filomena Frazão de Aguiar, provando que a doença não escolhe idades e, sendo acompanhada, é possível controlar.
No ano passado, foram envolvidos no projeto “quatro mil alunos, acompanhados por 21 professores”, referiu Mário Pereira, coordenador nacional da Educação da Fundação.
