“Capacitar para a autonomia” pode estar em risco em 2021

Até ao final do ano, 12 jovens com deficiência vão passar pelo projecto “Capacitar para a autonomia”. Um projecto-piloto desenvolvido pela Cerci Braga – Cooperativa de Educação e Reabilitação para Cidadãos mais Incluídos – que visa preparar os utentes para uma vida mais autónoma, organizada e confiante fora da casa dos pais.

Ao longo de um a três meses, cinco jovens seleccionados partilham um apartamento com o intuito de “experienciar o que é ser autónomo, responsável pelas suas coisas e espaço”, ou seja, acabam por realizar todo o género de actividades domésticas do dia-a-dia. Um processo de adaptação que é acompanhado pela Cerci Braga.

Durante o dia os utentes estão no Centro de Actividades Ocupacionais ou em contexto de trabalho, sendo que a pandemia veio suspender a maioria destas iniciativas. Ao final do dia voltam ao apartamento, já aos fins-de-semana têm a opção de permanecer nesta habitação ou voltar a casa. A experiência tem sido tão positiva que muitos jovens “recusam ir para casa porque querem ficar no apartamento”, confessa a presidente da Cerci Braga.

O projecto conta com o apoio do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR).

Vera Vaz ambiciona continuar de forma mais permanente o projecto em 2021, uma vez que tem “resultados óptimos” quer ao nível da procura das famílias como de desenvolvimento de competências dos utentes. “Nota-se uma evolução tremenda em termos de autonomia, nas rotinas, organização de casa e no tratamento de roupas”, frisa.

Contudo, a pandemia de Covid-19 originou alguns constrangimentos financeiros, visto que campanhas como o Pirilampo Mágico não chegaram a acontecer. Desta forma, torna-se difícil fazer face às despesas com a renda do espaço e recursos humanos. “Não vamos a curto médio prazo colocar projectos como este em desenvolvimento porque não vamos ter verbas para tal”, afirma. No entanto, a resposta social está assegurada, uma vez que a Segurança Social não aplicou cortes no financiamento o que acaba por “equilibrar” as contas da instituição.

A presidente assegura que a Cerci Braga está a trabalhar no sentido de conseguir respostas da parte da Segurança Social, de modo a que a entidade considere este projecto como uma mais valia e assim enveredar por este género de financiamento. Uma resposta essencial para além dos lares residências.

Vera Vaz defende que a Segurança Social deveria olhar também para os casos dos jovens com deficiências que conseguem, com alguma formação e acompanhamento, tornarem-se mais autónomos. A Cerci Braga está também aberta a apoios particulares.

A presidente já contactou a Câmara Municipal de Braga, mas neste momento não existem apoios disponíveis no sector da habitação social face à grande procura.

Cerci Braga não registou nenhum caso de Covid-19.

Dos 30 utentes apenas quatro não regressaram ao centro, sendo que a Cerci Braga está a prestar apoio domiciliário e através das plataformas digitais.

A maior dificuldade da Cerci Braga é a mobilidade dos utentes. Devido às distâncias de segurança recomendadas pela Direção-Geral de Saúde não é possível transportar os utentes no autocarro ou nas duas carrinhas da instituição, assim sendo os jovens têm de recorrer aos transportes públicos.

Partilhe esta notícia
Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Ouvido Externo
NO AR Ouvido Externo A seguir: Music Hal às 01:05
00:00 / 00:00
aaum aaumtv