CDU preocupada com impacto do novo hotel junto às Convertidas

A vereadora da CDU, Bárbara de Barros, manifestou preocupação com o projeto hoteleiro que vai nascer no edifício contíguo ao Recolhimento das Convertidas. “Preocupa-nos especialmente pela proximidade ao convento de Santa Madalena, que está muito deteriorado. Preocupa-nos que no edifício contíguo não haja pejo nenhum em alterar o edifício, com pisos superiores e a ideia de criar um novo parque de estacionamento”, criticou a comunista, lamentando o “desrespeito pelo património”. Além disso, Bárbara de Barros diz-se “espantada” quanto à ideia da Câmara de instalar nas Convertidas “um museu virtual da cidade”, quando, no seu entender, “as Convertidas podiam ser, por si só, um museu”.
Na resposta, o presidente da autarquia, Ricardo Rio, explicou que o município sempre pensou numa “valência cultural” para as Convertidas. No entanto, “depois de efetuado um estudo técnico”, para Rio a ideia de ter um museu físico ou virtual “não são incompatíveis”.
Relativamente às restantes preocupações com o edificado, o edil garante que este foi “um processo escrutinado pela DRCN – Direção Regional de Cultura do Norte -, que teve parecer favorável”. “Os promotores estão sujeitos a determinadas condicionantes, do ponto de vista das escavações arqueológicas e de contensão do edifício”. Por isso, Ricardo Rio “não admite que haja algum risco nessa matéria”.
Do lado do Partido Socialista, Hugo Pires “congratula-se” com o projeto pensado para aquele espaço. “Esperamos que traga uma nova dinamização à zona da Avenida Central, que traga atividade económica, que reabilite o edificado e que seja mais um equipamento que qualifique o centro histórico”, afirmou. O vereador socialista considera se este empreendimento “trouxer emprego, dinâmica, se reabilitar e respeitar a volumetria e essência daquela rua estão satisfeitas as aspirações”.
O Recolhimento das Convertidas, edifício barroco com três pisos, construído na primeira metade do século XVIII pelo arcebispo Rodrigo de Moura Teles para servir de abrigo a mulheres e classificado como Monumento de Interesse Público pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), passará a estar ladeado de um hotel de cinco pisos no edifício de dois pisos que lhe é contíguo. Em 2019, o projeto foi aprovado em reunião do executivo municipal, com os votos contra do então vereador da CDU, Carlos Almeida, e de Miguel Bandeira, da coligação Juntos por Braga, por considerar que o impacte da obra prevista a nível patrimonial é elevado. O executivo municipal acionou, na altura, o mecanismo de excepcionalidade previsto no PDM para abrir as portas à reconversão de um edifício junto ao Recolhimento das Convertidas, num hotel com 110 quartos.
