Concerto de assobiador francês entre as novidades do Festival Internacional de Órgão de Braga

Um concerto de um assobiador francês, um espetáculo com o instrumento milenar chinês ‘sheng’, conhecido como um ‘órgão de boca’, além de uma apresentação de teatro musical, são algumas das novidades apresentadas esta quarta-feira, na Igreja do Pópulo, para o Festival de Órgão de Braga. A iniciativa chega a 11ª edição para celebrar o legado de revitalização deste instrumento.

Entre 2 e 18 de maio, o Festival apresenta 13 espetáculos de uma iniciativa que se destaca pela “originalidade”, aponta o diretor artístico do evento, José Rodrigues. Para o responsável, este evento distingue-se de outros que existem em Portugal, por possuir uma programação diversificada com a presença ainda de trompas alpinas, das charamelas, do ‘cornetto’ e do trompete barroco.

Com um orçamento que ronda os 70 mil euros, sendo 40 mil suportados pela Câmara Municipal e o restante por meio de apoios de empresas parceiras, o responsável ressalta a “força de vontade e o trabalho” realizado pela organização para “oferecer à cidade um festival de qualidade”. O Festival deve receber cerca de sete mil pessoas ao longo dos três fins de semana, oriundos de países como França e Alemanha, aponta.

Concertos ultrapassam os limites de Braga


A programação, adianta, conta, “como é tradição, com uma maioria expressiva de músicos portugueses”, e em particular da região, mas também “alguns dos melhores músicos e intérpretes mundiais”. Cabe ao duo de organistas, Winfried Bönig e Alexander Niehues interpretar, ao longo dos mais de 3500 tubos dos órgãos da Sé Catedral, obras que “estão a ser composta especialmente para o Festival”, sob o mote ‘Sopros da Germânia”, pelas 21h30.

No dia seguinte, a Igreja do Salvador, no Lar Conde Agrolongo, pelas 11h00, um concerto de Daniela Moreira e o quinteto de metais Camélia Ensamble, com obras do período barroco. Mais tarde, no mesmo dia, às 21h30, na Igreja de São Lázaro, ouvem-se os ‘Sopro dos Alpes’, na interpretação de melodias tradicionais suíças.

A fechar a primeira semana, a programação ultrapassa os limites de Braga, na Igreja Nova de Prado, em Vila Verde, naquele que é apresentado como “um dos mais originais” desta edição. O músico francês Bertrand Causse reconhecido como “um exímio assobiador” é acompanhado pelo organista Guy-Baptiste Jaccottet, em concerto agendado para 16h00.

Na segunda semana, a 9 de maio, “sentiremos ‘Quatro Ventos’, um concerto com órgão e quarteto de sopos”, na Igreja de Santa Cruz, com o comando do organista titular dos Clérigos, Rui Soares, e da Mvsica Antiqva Porto, pelas 21h00. Dia 10, sábado, ‘Um sopro do Oriente’ soa na Igreja de S. Pedro e S. Paulo, com Megumi Hamaya no órgão e Wu Wei no ‘sheng’, um instrumento também conhecido por ‘órgão de boca’, que terá surgido na China há cerca de 5.000 anos. O concerto está agendado para 11h00.

No mesmo dia, mas às 21h30, na Igreja da Misericórdia, o organista da Catedral de Santiago Compostela, Adriano Regueiro apresenta ‘Brisa do Passado’. Mais cedo, pelas 15h30, a Igreja de S. Lázaro, sobe ao palco o projeto Pipe Poetics, parte da programação do Braga25 – Capital Portuguesa da Cultura 2025.

No domingo, dia 11, pelas 16h00 o festival volta a sair de Braga e ruma a Póvoa de Lanhoso, na Igreja de Águas Santas, para um espetáculo de órgão, com Diogo Zão, e flauta barroca, por Luís Melo, acompanhados pelo coro feminino Ars Vocalis. A apresentação faz parte da iniciativa ‘O Festival visita…’ que, recorda o responsável, nasceu na última edição do Festival.

O terceiro, e último fim de semana do Festival Internacional de Órgão de Braga, tem no dia 16 de maio, às 21h30, na Igreja do Coração de Maria, João Santos, Fernando Miguel Jalôto e Sérgio Silva a cruzar sons de três diferentes instrumentos de tecla: órgão, harmónio e cravo. O sábado, dia 17, é marcado por duas propostas diferentes. Pela manhã, às 11h00, sobe ao palco do Teatro da Escola Secundária Sá de Miranda, outra novidade da programação este ano, ‘Um sopro na floresta’, um teatro musical em que o “órgão é o protagonista”, ressalta o diretor artístico do evento, José Rodrigues. À noite, pelas 21h30, Igreja de São Boaventura de Montariol, com o tema ‘Sopros egrégio’ com a Banda Sinfónica da PSP, e Daniel Nunes.

Para “terminar em grande”, como refere o responsável, o organista Tiago Ferreira e a Orquestra do Distrito de Braga apresentam-se na Igreja do Pópulo com ‘Música para Reais Fogos de Artifício’, às 18h30.

“O Festival tem tido o mérito de reforçar através da reabilitação o número de órgãos que está disponível para a sua utilização regular”

Para o presidente da Câmara, Ricardo Rio, Braga “tem recursos necessários para ser uma referência absolutamente incontornável do ponto de vista regional e nacional”. Ressalta que o concelho conta com um “espólio organístico disperso por diversas igrejas”. “O Festival de Órgão tem tido esse mérito de ano após ano, reforçar através da reabilitação o número de órgãos que está disponível para a sua utilização regular”, refere.

Ricardo Rio afiram que há um reconhecimento, não apenas nacional, mas também internacional “da qualidade do Festival de Órgão e da importância deste mesmo património”. O autarca defende a ideia de o concelho ser uma espécie de “cluster” para envolver “quem possa reabilitar outros órgãos” e compor música específica para a sua utilização, não apenas durante o Festival, “mas no caso da cidade de Braga, de uma forma regular ao longo de todo o ano”.

O arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, “Braga soa a sinos, mas também soa a órgãos”, não apenas pela quantidade, “como na qualidade”. Para o arcebispo, a iniciativa realça “o olhar, para o órgão, mais do que um instrumento, quase como que podemos dizer a metáfora da vida”.

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Marcelo Hermsdorf
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Jornalista na RUM

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Sérgio Xavier
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