Confraria teme incêndios junto ao Bom Jesus devido à falta de limpeza em terrenos privados

A Confraria do Bom Jesus do Monte lamenta a falta de limpeza em terrenos privados que circundam a estância religiosa elevada a Património Mundial da UNESCO. O risco de incêndio é uma das sete preocupações apontadas pelo comité de Património Mundial, que renovou, em julho, a classificação atribuída ao Bom Jesus, em 2019. 

Em declarações à RUM, o vice-presidente da Confraria que gere este espaço, Varico Pereira, garante que “há muitos proprietários que não têm nenhuma preocupação em limpar os seus terrenos e que não estão a cumprir” a lei. O prazo para a limpeza de terrenos terminou a 15 de maio. “Não sei se estão identificados. Cabe a cada proprietário zelar pela sua propriedade e limpá-la e cabe às entidades competentes fazer a fiscalização de quem não cumpre. A Câmara de Braga está atenta e está a fazer os esforços necessários para que o risco de incêndio minimize”, acrescentou. 

Miguel Bandeira, vereador responsável pelo planeamento e ordenamento do território, diz que “do projeto dos Sacromontes (plano intermunicipal de salvaguarda da paisagem formalizado entre Braga e Guimarães), que tem como elemento fundamental a área da floresta,  esperam-se medidas de ordenamento e fiscalização florestal, que venham garantir a paisagem que queremos”. ” No município de Braga, a situação está sob controle e tem sido objeto de ordenação e planeamento, relativamente ao risco de fogos florestais”, assegurou o autarca.

A pressão urbanistica é outra das preocupações da Confraria. Além dos 26 hectares de área classificada, foi delineada uma área tampão de 232 hectares, onde não é possível haver construção (exceto a que já estava aprovada antes do PDM de 2017). No entanto, as licenças ou construções ilegais podem ser uma ameaça. 

“A pressão urbanísitica é um problema de todos os sítios que são Património Mundial. Há uma maior propensão para a construção e instalação de indústrias ligadas ao turismo. O PDM é claro e é um instrumento de proteção a um bem, além de que a UNESCO reconheceu que está garantida essa preservação. O que se pretende é que continue assim”, explicou Varico Pereira. 

Miguel Bandeira admite que a pressão urbanística “será um dos problemas que o Bom Jesus vai enfrentar nos próximos anos”. “Temos uma área tampão que se relaciona com uma paisagem cultural, que tem que ser acautelada e que não pode admitir qualquer tipo de edificação. Estou convicto que a Câmara de Braga, no processo de revisão do PDM em curso, irá acautelar essa sustentabilidade”, apontou o vereador, que está de saída da vida autárquica. 

Considerando as preocupações da Confraria “legítimas e prudentes”, Bandeira lembrou que “a política de ordenamento do território tem vindo a ser implementada”. “Na última revisão, foi desclassificada uma variante que passava junto ao escadório, porque comprometia a candidatura do Bom Jesus a Património da UNESCO. Também dependerá da administração central, que terá sempre que se pronunciar sobre todo o tipo de projetos que venham a ocorrer”, frisou. 


Por enquanto, tratam-se apenas de preocupações, não havendo, segundo Varico Pereira, “nenhum perigo iminente que possa por em causa a inscrição” do Bom Jesus na lista do Património Mundial.

Confraria espera receber verba da bazuca europeia até ao final do ano para obras de reabilitação

A Confraria do Bom Jesus do Monte, em Braga, espera obter verba proveniente de fundos comunitários “até ao final do ano” para para avançar com as obras de reabilitação e criar novas valências apontadas pelo Comité de Património Mundial. “Aguardamos fundos comunitários que possam auxiliar na requalificação do património, nomeadamente para a criação de um espaço de acolhimento aos visitantes e de organização. Tudo está dependente das agendas desses fundos”, asseverou Varico Pereira, vice-presidente da Confraria.

Até 2025, a Confraria precisa de cerca de cinco milhões de euros para avançar com a criação do centro interpretativo, a requalificação do bar, a reabilitação do apeadeiro do elevador, o restauro de capelas e melhores acessos e estacionamento.

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Liliana Oliveira
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