Costa admite coimas para quem não usar máscaras nos transportes públicos

Em entrevista à RTP esta quinta-feira, o primeiro-ministro aprofundou a explicação das medidas impostas para Portugal na passagem do estado de emergência para o estado de calamidade, frisando que o alívio de algumas restrições não significa o regresso à vida normal. Defendendo que “mais liberdade significa mais responsabilidade”, António Costa disse ainda acreditar que teremos de conviver com o vírus até que seja encontrada uma vacina, o que poderá demorar um ano e meio.

“Tem sido um período muito difícil para toda a gente”, começou por afirmar o primeiro-ministro. “Nós estamos a enfrentar uma realidade que é nova, que nunca ninguém experimentou, que não foi ensaiada em laboratório e com um conjunto de variáveis de que nós não temos a certeza. Não sabemos quanto tempo durará o vírus nem quando será descoberta uma vacina ou um tratamento”.

Nestes tempos difíceis, e numa altura em que o estado de emergência vai ser levantado, “a mensagem continua a ser: fique em casa”, sublinhou Costa. “Há uma coisa que as pessoas têm de perceber. Nós ao passarmos do estado de emergência para o estado de calamidade não significa que regressámos à normalidade. E não vamos regressar à normalidade enquanto não houver uma vacina ou um tratamento”, acrescentou.

“O artigo 22 é claro: é possível limitar a liberdade de circulação para estancar surtos epidémicos”, disse Costa.

“E há uma coisa que nós sabemos: o vírus não anda por si, somos nós que o levamos, e quanto mais próximos estivermos mais o transmitimos aos outros. Portanto só há uma forma de travarmos esta pandemia: é andarmos o mínimo possível e estarmos o mais afastados possível uns dos outros”.

“Obviamente que não podemos estar ilimitadamente com os níveis de restrição que temos tido, porque isso não é suportável por cada um de nós” nem para a economia, mas “temos de aprender uma nova realidade que é conviver com o vírus”, até porque “será muito improvável ter uma vacina em menos de ano, ano e meio disponível no mercado”, alertou o primeiro-ministro.

“Mais liberdade significa mais responsabilidade”, sustentou António Costa, relembrando que os cidadãos devem tomar medidas de segurança, entre as quais o uso de máscara “nos transportes públicos, nas escolas, no comércio e em todos os espaços fechados onde esteja muita gente”.

Quanto a coimas para quem não utilize máscara, o PM adiantou que só está prevista a criação das mesmas para os transportes públicos, locais onde é muito difícil “haver as normas de afastamento físico que são necessárias”.

Teletrabalho, praia e festivais de Verão


Quanto ao regresso ao trabalho, António Costa esclareceu que se mantém “a obrigatoriedade do teletrabalho durante todo o mês de maio” para quem tem essa opção, de modo a aliviar a pressão nos transportes públicos.

Em junho, quando a população regressar totalmente ao trabalho, as empresas devem adotar medidas que evitem o contacto entre trabalhadores, nomeadamente turnos desencontrados.

Sobre as idas à praia, o primeiro-ministro disse entender que é algo que “todos desejamos” e que “haverá forma, com certeza, de conseguirmos ir”, mas com restrições, até porque “os dados que hoje existem não permitem sustentar as teses que durante algum tempo predominaram de que o vírus seria sensível à alteração do clima”.

 “Para irmos à praia teremos de ter as cautelas necessárias que temos quando estamos noutros espaços ao ar livre”, frisou, admitindo que se preveem “dificuldades de gestão, porque uma coisa são praias de enorme extensão, onde as pessoas se conseguem distribuir sem muita seletividade, outra coisa são praias pequenas”.

“Vai ser um dos problemas mais difíceis que temos para resolver”, mas “encontraremos uma boa forma de não privar os portugueses do acesso à praia nas melhores condições de segurança”, acrescentou.

Quanto a festivais de Verão, só no Conselho de Ministros da próxima semana deverá ser tomada uma decisão. “Mas diria que a enorme probabilidade é que não se realizem”, admitiu o PM.

“A economia não é uma coisa exterior à nossa vida”

António Costa classificou de “absolutamente gigantescos” os esforços que se têm feito para apoiar a economia do país nos últimos dois meses, deixando um alerta. “Para conseguirmos ir respondendo com equidade às diferentes necessidades que a sociedade tem e vai ter ao longo dos próximos meses, nós não podemos consumir todos os recursos que temos hoje”.

O líder frisou que, se não tivermos vacina antes do Verão de 2021, “vamos viver um Outono e um Inverno ainda com este vírus, com a tal baixa taxa de imunidade”, pelo que vão surgir novos surtos e novos problemas, que teremos de encarar com “realismo”

Por essa razão, o primeiro-ministro afirmou que se fosse possível gostaria de aumentar o apoio financeiro aos pais que têm que ficar em casa a acompanhar os filhos porque não há escolas, mas sublinhou que é preciso “ir gerindo com conta, peso e medida os recursos que existem”.

“Para mim foi sempre claro e continua a ser claro que nós não temos a saúde de um lado e a economia do outro. A economia não é uma coisa que seja exterior à nossa vida e que a saúde só diga respeito aos outros”, afirmou.


c/RTP

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