Covid-19. Cerca de 80 enfermeiros de hospitais do Minho já foram infectados

Até ao final de Abril, cerca de 80 enfermeiros que trabalham em hospitais da região do Minho tinham sido infectados pelo novo coronavírus. O número foi avançado à RUM pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Grande parte dos contágios, de acordo com o presidente do SEP Minho, aconteceu devido à falta de protecção. “Já chegamos a trabalhar sem material adequado e muitos dos nossos colegas estão infectados por causa disso”, explica. Nélson Pinto acrescenta que alguns desses profissionais “levaram a doença para casa, acabando por infectar os familiares”.
Apesar do cenário que prevaleceu sobretudo no príncipio da pandemia, em que “a falta de material fez-se sentir mesmo muito”, o responsável sindical considera que agora “a situação estará normalizada”, assegurando que não tem tido relatos nos últimos dias.
De forma a substituir os infectados, desde o início do surto, já foram contratados aproximadamente 750 enfermeiros para reforçar o Serviço Nacional da Saúde, cerca de 100 para unidades hospitalares da região do Minho, dos quais 60 para o Hospital de Braga.
Referindo que alguns desses profissionais contratados também foram infectados e que isso prejudicou a actuação do Serviço Nacional de Saúde, Nélson Pinto critica a situação contratual estabelecida pelo Governo, já que os vínculos expiram em quatro meses.
“É urgente dar um contrato sem termo a estes profissionais que assinaram por quatro meses e a todos aqueles que têm contratos a termo certo. Esses colegas fazem falta no SNS”, reivindica.
SEP Minho aplaude regresso das férias para os profissionais de saúde
António Sales, secretário de Estado da Saúde, anunciou na terça-feira que o Governo decidiu devolver a possibilidade de gozo de férias, durante o período da pandemia do novo coronavírus, aos profissionais de saúde, revogando o despacho de 15 de Março que restringia esse direito.
O presidente do SEP Minho fala de uma medida necessária e adianta que algumas administrações do sector “já autorizaram os enfermeiros a prosseguir com as férias que estavam marcadas”. Nélson Pinto lembra que esses profissionais têm “milhares de horas em dívida”, tendo sido “empurrados para jornadas de trabalho muito longas que vão até 12 horas ou mais e que vão de segunda a domingo”.
“As pessoas têm de descansar. Não vamos passar o ano inteiro com turnos sucessivos. Ninguém vai aguentar e suportar isto de forma indefinida”, finaliza.
