Desemprego e desamparo social são “chão fértil” para populismos

A eurodeputada Isabel Estrada Carvalhais alertou para a necessidade da União Europeia sedimentar o seu pilar dos direitos sociais. A afirmação surgiu esta quarta-feira, durante a sessão webinar “Identidade Ameaçada – os casos da EU”, organizada pela Associação de Estudantes de Direito da UMinho em colaboração com o movimento HeForShe, no âmbito do “Festival Civitas: Semana para a paz e cidadania”.
De novo no papel de professora na Universidade do Minho, a convidada chamou à atenção para o crescimento da raiva e do ódio nos países da União Europeia, que muitas vezes estão intrinsecamente ligados ao crescimento de partidos de extrema-direita.
Isabel Estrada Carvalhais defende que é necessário atacar “as causas que geram a raiva”, pois só assim é possível acabar com este sentimento. Quanto ao ódio, esse já não irá desaparecer. “Uma coisa é falar de pessoas que se sentem desamparadas e que de alguma maneira vão atrás de um discurso de protesto e que permite expressar a sua raiva. Outra, são aqueles que alimentam ódios a determinados valores que consideramos essenciais na nossa identidade”, afirma.
Para a professora da Escola de Economia e Gestão (EEG), os movimentos populistas podem ser vistos como “partidos cápsula”, pois acabam por se aproximar em momentos de vulnerabilidade, por exemplo, no desemprego. Um “chão fértil para discursos” desta ideologia política.
A eurodeputada abordou ainda o caso das apelidadas “zonas livres de ideologia LGBT” na Polónia. “Acho que a Europa tendo feito muito continua aquém da ação necessária”, declara a socialista. Um alerta que nos pretende afastar da “zona cinzenta”, onde como na obra “Primo Levi”, podemos cair quer seja por indiferença ou silêncio.
Quando questionada pelos alunos sobre a ascensão do Chega, em Portugal, a eurodeputada frisou que sempre existiram partidos de extrema-direita no país. O essencial, na ótica de Isabel Estrada Carvalhais, passa pelos cidadãos estarem atentos aos feitos a nível local. “Muitas vezes a implementação dos partidos são bem-sucedidas devido ao trabalho comunitário feito através de outras associações”, realça.
Durante a sessão foi lembrada a importância de recordar a história. Esta quarta-feira, 27 de Janeiro, é assinalado O Dia Internacional da Lembrança do Holocausto 2021.
