Diversão e música unem ‘Doutores Palhaços’ do Norte em Braga

Fita cola colorida no chão, a formar um círculo, e na parede a dizer ‘A Roda’. Assim era quando se passava pelo Ágora do Hospital de Braga esta quarta-feira. Ainda não era meio dia e o local era invadido pelos mais pequenos, pais, profissionais de saúde e curiosos.

Nas cadeiras que estavam ao redor, algumas crianças, que, segundo a diretora do Serviço de Pediatria da ULS Braga, Almerinda Barroso Pereira, iam ter alta, mas que “pediram para sair depois do espetáculo”, que começava nos andares superiores com a música a soar e os primeiros rostos a surgirem em direção dos mais pequenos que aguardavam.

“Piriri, pipi, piriri, pipi…” cantavam onze Doutores Palhaços que atuam nos hospitais do Porto, Braga e Guimarães e estavam unidos pela primeira vez para uma apresentação em conjunto. A ideia, segundo Anabela Possidónio, diretora do grupo ‘Operação Nariz Vermelho’ foi realizar um “momento de agradecimento às equipas clínicas que estão no dia a dia”. A iniciativa escolheu a cidade dos arcebispos para a única apresentação na região norte, depois de passar por Lisboa.

Antes de entrarem em cena, revelou o diretor artístico do grupo, Fernando Escrich, os profissionais realizam um “pequeno ritual” de preparação, maquilham-se e aquecem a voz para entrar num “estado extra quotidiano”. Adiantou que este é neste instante que estes artistas deixam o mundo exterior e transformam-se em palhaços que vivem num “outro universo, da brincadeira”.

Os ‘palhaços’ encaminharam-se para o centro da ‘roda’ e passaram a apresentar atividades em dupla, que normalmente realizam nos hospitais que atuam, apontou Fernando Escrich. As brincadeira utilizam de cores, músicas e interações com os mais pequenos.

Nelson Silva Faria, pai de uma criança de 5 anos, vincou que esta atividade auxilia “a relaxar as crianças e na recuperação”. Apontou também que se “um pai vê uma criança sorrir, é bom também para nós”. Adriana Silva, mãe de um menino de dois anos, contou que o filho extranhou inicialmente, mas depois passou a participar das brincadeiras. Durante um dos momentos, de advinhação, “disse que era um leão, depois era um dinossauro, pronto, é aquilo que tu quiseres”, brincou.

Destacou que esta iniciativa é “ótimo, mesmo para sair um bocadinho das paredes (do quarto) e apanhar outro ar”. Este benefício no tratamento, avança Almerinda Barroso ficou comprovado através de estudos realizado no Hospital, “que melhoram a adaptação ao serviço e a tolerância aos tratamentos” pelos mais pequenos. Segundo a responsável, o primeiro contato com estes artistas, há mais de 10 anos, foi no sentido da realização de projetos de investigação em doutoramento e mestrado para verificar o benefício para as crianças e para os pais das atividades dos ‘palhaços’ no serviço. Em Braga, uma dupla passa semanalmente pelos corredores da unidade hospitalar às terças-feiras.

Para diretor artístico do grupo, Fernando Escrich, além da animação, o trabalho do dia a dia dos artistas é “levar a arte, não só a linguagem do palhaço”, para o hospital, o que obriga “muito treino, para ouvir o outro”. Anualmente, os artistas do grupo ‘Operação Nariz Vermelho’ realizam cerca de 67 mil visitas pelos hospitais de Portugal.