Dois anos depois, projecto “Fronteira” continua no papel

Já passaram dois anos desde que o projecto “Fronteira” foi declarado um dos vencedores do Orçamento Participativo Nacional de 2018, mas a iniciativa continua restrita ao papel.
A ideia previa a construção de três a cinco moradias T1 para a reinserção de reclusos sem suporte familiar na sociedade. Seriam os próprios reclusos os responsáveis pela edificação destas habitações.
Os 300 mil euros que estavam destinados ao projecto estão na posse do Ministério da Justiça e cabe à Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) analisar a proposta e dar luz verde à mesma. Contudo, segundo a entidade pública, os responsáveis pelo projecto não têm capacidade para concretizar o “Fronteira”.
A RUM conversou com um dos dinamizadores do projecto, o pároco João Torres, que garante que o que está em causa é apenas “falta de vontade política”. Nos últimos tempos, atesta existir um excesso de “burocracia”, visto que é obrigado a apresentar, uma vez mais, orçamentos e o próprio projecto.
João Torres não poupa nas palavras e avança que esta resposta da DGRSP não passa de uma “desculpa” que demonstra “incompetência”. Isto porque, segundo relata à Universitária, convidou por inúmeras vezes os responsáveis a visitar os projectos desenvolvidos em Priscos, mas nunca obteve uma resposta positiva. “Nós já temos experiência de seis anos com trabalho com reclusos”, assinala.
Caso a DGRSP decida que o projecto não é exequível pelos actuais responsáveis, o pároco frisa que já informou a tutela que poderá ser o Estado ou outra instituição a dar seguimento à iniciativa.
O projecto “Fronteira” tem como meta receber ex-reclusos dos estabelecimentos prisionais de Braga, Guimarães, Viana do Castelo e talvez de Custóias e Paços de Ferreira, com a finalidade de reintegrar esta população. Durante seis meses poderiam habitar as moradias, onde iriam aprender, a título de exemplo, a cozinhar. Seriam acompanhados por psicólogos e assistentes sociais. No fundo, tornar estes cidadãos mais “autónomos para que com o seu trabalho pudessem seguir a sia vida sem depender de subsídios do Estado ou voltar ao mundo do crime”.
