Dos 86 sem-abrigo identificados em Guimarães 11 têm curso superior

Dos 86 sem-abrigo sinalizados em Guimarães, entre novembro de 2021 e junho de 2023, 11 são pessoas com ensino superior, 25 o ensino secundário e outras tantas com 2.º ou 3.º ciclo, 19 com o 1.º ciclo, cinco sem qualquer grau de escolaridade e não há dados sobre uma pessoa.

Os resultados do projeto “Portas Abertas” foram apresentados, esta quarta-feira, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. O projeto, promovido pela Câmara de Guimarães, a delegação vimaranense da Cruz Vermelha Portuguesa, a Sol do Ave e o Lar de Santo António, contou com um financiamento de 350 mil euros, sendo que aproximadamente 191 mil euros resultam de investimento municipal e 146 mil do Fundo Social Europeu.

Das pessoas em situação de sem abrigo, 73 são homens e as restantes mulheres, 41 destas não tem qualquer rendimento, 24 beneficiam do Rendimento Social de Inserção, 60 são solteiros e 20 divorciados.

A maior parte tem entre os 45 e os 64 anos (35 pessoas). Trinta e uma têm entre 31 e 44 anos e 14 têm idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos.

Na sua maioria, estão em causa pessoas de nacionalidade portuguesa (70), seis são migrantes, 53 não têm teto e 27 não têm casa. As dependências são a principal causa associada à condição de sem-abrigo, seguindo-se os contextos familiares e a saúde mental.


O projeto disponibilizou à população sem-abrigo serviços como alimentação, higiene, roupa e cabeleireiro, proporcionando igualmente diversas atividades, como a promoção das competências pessoais e sociais.

A prática desportiva e lazer, bem como atividades artesanais e performativas foram outras iniciativas proporcionadas.

Para a coordenadora técnica do Portas Abertas, Elisabete Mendes, “é preciso ter em conta o presumível aumento da população migrante, o aumento do valor do arrendamento e as ações de despejo que podem resultar desse contexto”.

Câmara de Guimarães garante continuidade do projeto até ao final do ano e pede mais apoio à Segurança Social 

Perante o “sucesso”, a vereadora com o pelouro da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães, Paula Oliveira, anunciou, hoje, a continuidade do projeto.

“Os resultados são tão positivos que não poderíamos terminar, não obstante de terminar o financiamento. Levamos uma proposta a reunião de câmara, recentemente, para, em parceria, continuar a desenvolver esta missão, até ao final do ano”, frisou.

Paula Oliveira apelou, no entanto, a um maior envolvimento da Segurança Social no apoio a esta causa, no sentido de “dar sustentabilidade ao que está no terreno”. “A Cruz Vermelha tem apartamentos de autonomização, mas sem protocolos não é possível às equipas dar resposta 24 horas por dia a projetos tão exigentes”, exemplificou.

A vereadora lembrou ainda os fundos aos quais se pode concorrer, nomeadamente “Plano de Recuperação e Resiliência, Horizonte 2030, Portugal Inovação Social” e, dessa forma, lançou “o repto à rede, para promover projetos que permitam continuar a desenvolver a integração dos sem-abrigo, em Guimarães”.

“Temos como propósito a construção de uma comunidade de inserção para os sem-abrigo em Guimarães e estamos com outro projeto, numa escola em Atães, com um centro de acolhimento e emergência social, mas sem protocolos com a Segurança Social não é possível”, reforçou.

Para Paula Oliveira, “as periferias estão dentro da cidade, nas freguesias e dentro da família e não podemos fazer de conta de que não fazem parte do mundo”. “Queremos um território justo, coeso e integral e, embora não se compare à realidade de Porto e Lisboa, não podemos ficar indiferentes à população sem-abrigo de Guimarães”, apontou.

João Ferreira, do Centro Distrital de Braga do Instituto de Segurança Social, enaltece o crescimento do número de pessoas em situação de sem-abrigo sobretudo nas grandes cidades, mas esta é “uma tendência também observada nos territórios, como tem sido constatado nos núcleos de planeamento e intervenção do distrito de Braga”. “Não conseguimos garantir que todos tivessem uma porta aberta, mas esta é uma responsabilidade partilhada por todos os intervenientes”, atirou. 

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Liliana Oliveira
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