“É mais produtivo vacinar quem não está vacinado para impedir cadeias de transmissão”

Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou, esta semana, “segura e eficaz” a terceira dose da vacina Pfizer contra a Covid-19 para a população em geral, já depois de ter admitido o reforço das vacinas BioNTech/Pfizer e da Moderna na União Europeia (UE) para pessoas com “sistemas imunitários gravemente enfraquecidos”.

Em Portugal, o reforço da vacinação vai abranger apenas pessoas com mais de 80 anos. 

Para o infeciologista do Hospital de Braga, Alexandre Carvalho, a terceira dose da vacina contra a covid-19 não deve, para já, ser administrada à população em geral. O também professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho disse, em entrevista à RUM, que o reforço da vacinação deve ser para já direcionado “às pessoas que são mais frágeis e que correm ainda algum risco de adoecer”. Nestes casos, com o sistema imunitário enfraquecido, seja pela idade ou por doença, “poderão ser necessários estímulos pontuais, no sentido de produzir anticorpos para combater a infeção”. “Na comunidade em geral, não me parece haver benefício em fazer reforço da vacinação”, acrescentou. 

Para o médico, “é mais produtivo vacinar quem não está vacinado, porque impediria cadeias de transmissão”, sendo isso “muito mais eficaz no controlo da pandemia, do que proteger muito uma parte da população mundial, mantendo uma outra parte desprotegida”. 


Ainda que este “excesso de precaução” seja “bem intencionado”, no sentido de “minimizar o risco”, o infeciologista lembra que “casos vão haver sempre”. Por isso, “o que interessa é não ter casos graves e mortais”. Nesse sentido, “o reforço deve ser dirigido a quem tem esse risco de infeção grave”, frisou.

O docente da Escola de Medicina considera ainda que a terceira fase de desconfinamento e o regresso à normalidade não vai ter implicações no Natal. Há um ano, sem vacinas, e com “uma abertura extemporânea” o vírus conseguiu “circular em força”, mas, este ano, com “quase 85% da população vacinada e com mais vacinações até ao Natal”, no entender de Alexandre Carvalho, o cenário não será o mesmo. 

“Risco zero nunca haverá, temos que aprender a viver com o vírus, que provavelmente não será erradicado tão cedo, e temos que aceitar que para termos uma vida mais ou menos normal haverá risco de uma ou outra pessoa adoecer, mas, no caso dos vacinados, não de uma forma tão grave”, finalizou.

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Liliana Oliveira
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