“É muito mau Portugal estar à espera do PRR para fazer a ponte sobre o Ave”

O presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, lamentou, esta quinta-feira, que o Governo tivesse esperado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para avançar com a nova ponte sobre o Rio Ave, que ligará Famalicão à Trofa.

A construção da variante à EN14, face aos seus elevados níveis de tráfego, muito particularmente em Vila Nova de Famalicão, Trofa e Maia, é considerada pelos autarcas da região como “fundamental”. A obra é reivindicada há mais de 20 anos, mas o processo tem-se arrastado no tempo e, segundo os autarcas dos municípios em causa, isso tem condicionando as perspetivas económicas do território e influenciando negativamente a qualidade de vida das populações.

Recorde-se que, esta segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, avançou que o investimento vai disputar fundos da bazuca europeia, estando incluído na rubrica “Missing links e Aumento de capacidade da Rede”, do PRR.

Esta segunda-feira, depois da reunião de Câmara de Famalicão, Paulo Cunha referiu que “era suposto que o país tivesse percebido que o maior eixo exportador de Portugal – Maia/Trofa/Famalicão – tivesse este investimento muito para além daquilo que é o acesso a fundos comunitários”. “É muito mau um país como Portugal estar à espera de um quadro comunitário de exceção, que chega cá por força de uma crise pandémica, para fazer este investimento. É um péssimo sinal que o país passa para o exterior, que vê este plano como uma forma de recuperação e resiliência”, lamentou.

Apesar das duras críticas que deixou ao Governo, Paulo Cunha admite que o objetivo é que “a obra seja feita o mais rápido possível”, ainda que seja com verba proveniente da ‘bazuca europeia’. “Nem nos fundos comunitários se conseguiu encaixar esta obra”, lembrou o autarca. 

A obra, reclamada há vários anos, tem como objectivo descongestionar o trânsito da Estrada Nacional 14, pressionada por uma dinâmica empresarial intensa, sobretudo no troço entre Vila Nova de Famalicão e a Maia.

“Espero que o Governo faça a sua parte no que aos projetos diz respeito. Não sei se o projeto está concluído, não temos essa informação, mas depois tem que haver um concurso e, depois, a obra tem que estar pronta. Somando estes três momentos, não sei quantos anos serão necessários e o PRR tem uma longevidade de seis ou sete anos, mas eu tenho algum receio que demore alguns anos”, apontou Paulo Cunha.


O presidente da Câmara de Famalicão considera que, depois de ter sido aprovada a avaliação de impacte ambiental, em fevereiro de 2020, “nada impediria que se avançasse com a obra”, no entanto o autarca diz desconhecer a existência de “um concurso para contratar a empresa que vai executar o projeto”.

A Continental Mabor é umas empresas que sofre com o congestionamento do trânsito na EN 14. Em tempos, a empresa chegou mesmo ameaçar deixar de investir na fábrica de Lousado. “Enquanto esta matéria não estiver consolidada, a Continental não pode expandir-se, porque pressupõe uma intervenção numa ribeira, que tem que ser consolidada e isso pressupõe a obra de acesso à ponte. Desta forma, sugerimos ao Governo que a obra comece a norte e não a sul, porque, a partir do momento que a obra comece, muito antes da ponte estar pronta, vai ser possível a Continental fazer a sua expansão. Tudo isto está pendurado por uma iniciativa que tarda em arrancar”, criticou.

A avaliação de impacte ambiental, necessária para que o projeto avance, foi aprovada há mais de um ano, mas desde então a obra não avançou. A nova travessia integra uma das fases da construção da variante à Estrada Nacional 14, entre o eixo rodoferroviário da Trofa e Santana, em Ribeirão, e é considerada essencial para complementar os investimentos já executados na beneficiação dos troços de Famalicão e da Maia.

Incluída na rubrica de investimentos e infraestruturas, a empreitada disputa uma dotação global de 362,9 milhões de euros.

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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