Empreitada de requalificação do Pópulo e vias envolventes chumbada em reunião

João Rodrigues conheceu esta segunda-feira o primeiro chumbo em sede de reunião de câmara mostrando em parte a vulnerabilidade da governação nos moldes que resultaram das eleições autárquicas de 12 de outubro, em Braga. Com mais de 70 pontos submetidos a votação, o problema centrou-se no ponto referente à empreitada de requalificação do espaço público do Pópulo e vias envolventes, que depende de fundos comunitários. Apenas a coligação Juntos por Braga votou a favor (3). Os vereadores eleitos pelo PS/PAN (3) e pelo Chega (1) abstiveram-se na votação, enquanto o movimento Amar e Servir Braga (3) e a Iniciativa Liberal (1) votaram contra, chumbando assim a proposta.

Em causa podem ficar mais de dois milhões e meio de euros, ainda que a expectativa seja que o ponto possa ser aprovado já numa próxima reunião.

Ricardo Silva foi o mais crítico: além de recusar duas linguagens diferentes na mesma zona que será alvo de intervenção, acusa a coligação Juntos por Braga de não ter disponibilizado toda a informação. “Há uma má interpretação de um esclarecimento que deve ser cabal: aquilo que estamos a aprovar e aquilo que deve ser objeto de financiamento por parte do município. A partir do momento em que os considerantes, o enquadramento que o município faz,  a informação que veio dos serviços, em que se referem três objetos em espaço público: são duas ruas mais o largo do Pópulo e, de repente, somos surpreendidos também com uma questão atinente a uma contenda que refere à requalificação da fachada do Pópulo. Enfim, estamos então aqui a misturar empreitadas,  mas dando um destaque absolutamente diferenciador que não veio plasmado naquilo que é o objeto que estava em discussão”, disse aos jornalistas.

Em suma, Ricardo Silva notou que o voto contra teve mais que uma motivação, a começar por recusar a ideia de “duas linguagens” na mesma área. “E depois, porque entendemos que efetivamente agora, possuindo outras informações prestadas até pelo Presidente de Câmara  e pela Senhora Diretora do Departamento, criou-se aqui até uma confusão, no sentido que afinal o financiamento obtido dos 2,6 milhões também são para aplicar numa obra que já está feita, na cobertura, numa obra que eles querem fazer na fachada,  e que na verdade não é isso que está contemplado no objeto de intervenção que nós viemos hoje aqui aprovar, que são duas ruas e uma praça”, atirou.

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal também votou contra, mas admite outro sentido de voto assim que a informação for atualizada por parte do executivo de João Rodrigues, numa próxima reunião de câmara. Aos jornalistas disse que “não haverá consequências para Braga desta falta de entendimento”, justificando que o seu voto foi “uma decisão defensiva no sentido que a informação fosse apresentada de uma forma completa”. “Veremos como é apresentado o ponto e desde que seja apresentada de forma adequada, seguramente que haverá condições para viabilizar”, esclareceu.

Ora, em reação às críticas particularmente duras por parte de Ricardo Silva, João Rodrigues lamentou a interpretação e acusou mesmo os membros do movimento Amar e Servir Braga de fazerem um mau trabalho de casa. “As pessoas quando votam uma proposta desta importância têm que ter noção. Nós não estamos a votar um apoio de poucas centenas de euros a uma associação, estamos a votar um projeto que na sua globalidade supera os dois milhões e seiscentos mil euros e como se viu aqui, quando as pessoas não se preparam, acontecem erros. É normal, é a primeira reunião, mas é importante que estes erros deixem de acontecer. Podia-se ter dado o caso desta aprovação ser necessária até à data de amanhã e nós perdíamos os 2.6ME. A informação estava toda no processo, se não leram o processo todo, têm de reconhecer que erraram. E mesmo quando as propostas não dizem tudo há um enquadramento e têm que se informar”, avisou.

Uma das curiosidades no final da reunião de câmara foi a reação de Filipe Aguiar, vereador eleito pelo Chega. Apesar da indicação de abstenção no decorrer da reunião de câmara, o mesmo recusou essa ideia aos jornalistas, dizendo que afinal votou contra.”Eu votei contra. Votei contra porque faltava uma certa informação. Depois de ouvir os esclarecimento podia ter sido uma votação num sentido diferente”, respondeu.

Do lado do PS/PAN, que se absteve neste ponto, Pedro Sousa explicou que “não é do interesse de ninguém que se perca a possibilidade de perder fundos para projetos relevantes para o município”. Quanto às questões levantadas por parte da oposição, considerou tratar-se de “uma questão de forma” apelando a “uma instrução dos processos mais clara e agregada para quem tem de decidir”.

Certo é que nesta primeira reunião de câmara foi evidente o tom mais ríspido entre Ricardo Silva e João Rodrigues afastando cada vez mais uma ideia que se poderia criar das duas partes se entenderem e dos eleitos do movimento Amar e Servir Braga assumirem pelouros no executivo municipal.

Recorde-se que as reuniões negociais devem ficar concluídas até ao final da semana, segundo indicou ontem João Rodrigues à imprensa.

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Elsa Moura
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