Equipamentos continuam a não chegar. Telemóveis são solução temporária

Os municípios de Braga e Vila Nova de Famalicão reforçaram o número de equipamentos informáticos disponibilizados aos Agrupamentos de Escolas dos concelhos para o arranque do ensino à distância, mas mesmo assim continuam a existir muitos alunos com carências.

A RUM conversou com os vereadores da Educação da Câmara Municipal de Braga, Lídia Dias, e de Vila Nova de Famalicão, Leonel Rocha, sobre esta problemática, para perceber as condições para ensino à distância na região minhota. 

Necessidades dos Agrupamentos de Escolas de Braga ainda não foram totalmente respondidas.

A vereadora com a pasta da Educação no Município de Braga, Lídia Dias declara que a autarquia está em constante articulação com os Agrupamentos de Escolas do concelho de modo a contribuir para que seja possível ultrapassar as dificuldades das escolas, nomeadamente, com a falta de equipamentos informáticos.

A responsável realça que as escolas estavam a aguardar pela chegada dos computadores prometidos pelo Ministério da Educação, mas como tal não aconteceu na escala prevista, “tiveram de fazer alterações aos planos de ensino à distância para oferecer uma melhor resposta aos alunos”.

A autarquia já finalizou a entrega de computadores e hotspots às escolas da região. No total, desde o início da pandemia, foram 1.920 computadores e 800 hotspots.

Mais famílias a solicitar apoio alimentar

Outro grande desafio para a autarquia são os crescentes pedidos de apoio alimentar a alunos dos escalões A e B. No dia 27 de Janeiro, a vereadora adiantou aos microfones da RUM que tinham recebido 81 pedidos. Ora, os  números dos últimos dias apontam para 120.

“É o retrato das dificuldades dos agregados familiares, sobretudo dos pais com filhos pequenos que não conseguem trabalhar, pois não têm onde deixar os filhos”, revela a vereadora. 

“Não conseguimos chegar a todos. Nesta fase o telemóvel vai ter de servir”

O Município de Vila Nova de Famalicão, em conjunto com a Federação Concelhia das Associações de Pais, já conseguiram dar respostas às necessidades de aproximadamente mil alunos do 5º ao 12º ano de escolaridade. Foram entregues mais de 300 computadores e tablets, segundo avançou à Universitária o vereador da Educação, Leonel Rocha.

“À partida conseguimos fazer com que estes alunos tenham os meios mínimos para ter aulas à distancia. Vamos garantir o acesso à internet a todos”, revela o responsável.

Os Agrupamentos de Escolas estão, também, a emprestar os equipamentos existentes nas suas bibliotecas aos alunos com escalão A e B.

Contudo, a oferta não consegue fazer face à procura de equipamentos. Deste modo, o telemóvel “não sendo o mais adequado terá de servir para ajudar a acompanhar as aulas síncronas”. As escolas vão continuar a fazer o levantamento de necessidades dos estudantes para que “nenhum aluno fique para trás”.

No que toca aos alunos do 1º ciclo, o caso será analisado esta semana, visto que é expetável que sejam os primeiros a regressar às aulas presenciais. Outro dos motivos elencados pelo vereador passa pela ineficácia do formato de aulas à distância nestes casos, visto que as crianças necessitam de um outro tipo de acompanhamento. “O sistema não funciona se efetivamente não estiverem adultos ao lado”, sustenta. ~

Por todo o país, há milhares de alunos que começam o ensino à distância sem terem computador. Em abril do ano passado, o Governo prometeu entregar computadores a todos. Mas só agora foram encomendados os computadores em falta.

Neste novo confinamento, faltam ainda cerca de 335 mil computadores no âmbito do programa da Escola Digital. Só deverão ser entregues aos alunos no final do segundo período.

Vão também ser adquiridos mais 15 mil computadores que ainda não têm data prevista para chegar. Em novembro, foram entregues cerca de 100 mil.

Alteração do calendário escolar

Para compensar a pausa letiva, o Governo alterou o calendário escolar. O ano letivo vai terminar uma semana mais tarde do que o previsto.

Também haverá aulas no Carnaval, de 15 a 17 de fevereiro. E as férias da Páscoa vão começar mais tarde, a 29 de março, prolongando-se por apenas quatro dias.

Até dia 12 de fevereiro, o Ministério da Educação irá divulgar o calendário final de provas e exames.