Escola de Medicina com mais autonomia, mas sem um Hospital Universitário

A Universidade do Minho vai dar mais autonomia à Escola de Medicina. Esta quinta-feira, na cerimónia que assinalou os 20 anos da unidade orgânica, que teve lugar no Altice FORUM Braga, foi dado o primeiro passo através de um memorando para um contrato-programa entre as duas entidades.
Um documento que irá permitir que a academia minhota chegue mais longe.
Para o presidente da Escola de Medicina, este memorando traduz-se numa “gestão de projecto mais eficaz quer ao nível da geração de conhecimento, como de valor, gestão financeira ou potencialização das infraestruturas”.
Ao longo dos últimos dias, o reitor da UMinho tem vindo a alertar para “tempos difíceis”. Rui Viera de Castro defende que esta é uma das soluções encontradas para fazer face aos desafios quer ao nível dos projetos de ensino, como de investigação e relação com a sociedade.
Este é o documento que vai estruturar a construção de um “verdadeiro contrato programa” que irá definir um conjunto de objetivos com os quais a escola terá de se comprometer, sem que isso coloque em causa princípios essenciais que estruturam a UMinho no seu conjunto.
Hospital de Braga e UMinho sem respostas em relação ao título de Hospital Universitário.
Durante a longa sessão, que assinalou as conquistas deste projecto que alterou os paradigmas do ensino médico em Portugal, também foram elencados vários recados ao Governo. O primeiro está relacionado com o impasse do Hospital Universitário.
O presidente da Escola de Medicina, acredita que no seio deste imbróglio está “falta de vontade política”. Já o responsável máximo da UMinho declara que “não há razão nenhuma” para este processo não avançar. Recorde-se que a unidade de saúde bracarense passou, já há um ano, para a gestão pública.
“Ninguém tem dúvidas que o Hospital de Braga cumpre todos os requisitos. Nós temos um Centro Clínico Académico que é dos que apresenta os melhores resultados no país”, sustenta.
O país não necessita de mais vagas ou cursos de medicina. Precisa de oportunidades de internato médico.
A denuncia partiu do anfitrião da noite. O presidente da Escola de Medicina considera que o país deve assegurar uma formação complementar de qualidade aos jovens.
Para Nuno Sousa o caminho a seguir não passa pela criação de novas escolas médicas ou em “engrossar” o número de estudantes de medicina. Na óptica do responsável, o Governo deve investir no internato médico, visto que “um terço dos candidatos não têm vaga em Portugal”.
Isto resulta em “médicos indiferenciados” o que não beneficia a qualidade do sistema de saúde. “Um país que não está atento a esta situação é um país que não tem responsabilidade”, alerta.
