Estádio Municipal de Braga. O futuro nas mãos do próximo presidente?

A venda do estádio municipal é defendida por quase todos os candidatos à Câmara Municipal de Braga nas eleições autárquicas de 12 de outubro. Há quem possa divergir no valor a pedir ao SCB ou até no comprador, mas quase todos admitem que é tempo de o município de Braga “se livrar” de um equipamento que custou mais de 200Milhões de Euros aos cofres municipais. Logo depois da realização do Euro2004, o utilizador do equipamento passou a ser única e exclusivamente o principal clube da cidade dos arcebispos que paga uma renda mensal simbólica.
Foram centenas de notícias ao longo destes anos sobre derrapagens, indemnizações, valores de renda cobrados ao SCB e até a proposta de um referendo municipal. Passaram doze anos desde que a coligação Juntos por Braga assumiu a gestão do município. Ricardo Rio foi “encontrando e retirando esqueletos do armário”, mas sai do gabinete de presidente sem resolver o problema do estádio mais polémico do país.
Até entre os sócios do SCB não falta quem admita que é tempo de vender o Estádio Municipal de Braga. A que preço? E o Sporting Clube de Braga deve ser o único a poder comprá-lo?
João Rodrigues, membro em funções no atual executivo e candidato pela coligação Juntos por Braga, pretende negociar a venda, propondo ao clube o valor necessário para a recuperação do antigo 1º de Maio, equipamento classificado, em avançado estado de degradação e com várias zonas sem utilização por razões de segurança.
Aos microfones da RUM disse estar “absolutamente disponível para negociar a venda do estádio ao SCB pelo valor necessário para reabilitar o estádio 1º de Maio e a sua envolvente”. Uma proposta que classifica como “justa, adequada, proporcional, necessária e que deixa todas as partes bem”.
António Braga, o candidato do PS, partido com mais vereadores na oposição, não se compromete com valores ou com a venda em si. Promete “muito diálogo” para “encontrar uma solução equilibrada e justa”, afastando “decisões precipitadas ou simplistas”. Uma decisão que “deve ter em conta o interesse da cidade, dos bracarenses e o interesse do clube que é um ícone da cidade e do concelho”.
João Batista, candidato da CDU, admite uma avaliação entre o município e o clube que utiliza o estádio, mas é defensor de uma venda. “É um processo doloroso que Braga continua a carregar nas costas. Tem que ser feita uma avaliação concreta entre os órgãos da câmara e os que estão a usufruir e tentar resolver aquele problema que é complexo. A manutenção é na ordem dos milhões”, alerta.
O candidato do movimento independente ‘Amar e Servir Braga’ considera que a fórmula de cálculo para a venda ao clube minhoto deverá implicar uma avaliação do estádio municipal que inclua custos de manutenção e os custos de reabilitação do 1º de Maio para que seja possível negociar um valor com o Sporting Clube de Braga. “Devemos perceber em que é que importou os custos totais do estádio, em quanto fica a sua manutenção e chegar a um valor, e também temos que olhar para o 1º de Maio e perceber quanto custa fazer a sua manutenção. Aí, teremos que chegar a uma fórmula de cálculo e perceber o que se quer”, argumenta.
Para o candidato do Chega, Filipe Aguiar, a venda do estádio ao SCB por 10Milhões de Euros seria um valor “razoável”. Considera que “é o momento de colocar um ponto final nesta situação”. “O estádio está obsoleto, as obras de manutenção de grande envergadura não estão a ser feitas e foi feita uma contraproposta pelo SCB [10ME que a RUM não conseguiu ainda confirmar] e penso que é um número razoável tendo em conta o que o clube tem de investir”, explica.
Por seu turno, o candidato da Iniciativa Liberal, Rui Rocha afirma que é preciso vender o estádio municipal ao SCB, mas não avança no imediato com valores já que na sua ótica “seria um mau princípio de negociação”. “Tem que haver um entendimento que respeite os interesses do município, os interesses do SCB e que haja uma capacidade política de equilibrar esses interesses. Parece-me evidente que enquanto essa questão não estiver resolvida, a capacidade do município de investir na revigoração do Estádio 1º de Maio e do espaço envolvente será sempre limitada”, evidencia.
Para o candidato do ADN, Francisco Pimentel Torres, o estádio deve ser vendido, mas a quem oferecer mais dinheiro, recusando a ideia de que o SCB possa ser o único comprador. “Se o Merelinense o quiser comprar é ao Merelinense que se vende se der mais que o SCB. O estádio custou muito dinheiro a Braga e é preciso que o dinheiro dessa obra dê para requalificar o outro. Não faltam aí clubes árabes que queiram investir”, atira.
António Lima, candidato do Bloco de Esquerda, afirma que a venda por 20ME é o mínimo que se pode exigir ao SC de Braga para que passe a ser proprietário do estádio. “As piscinas [municipais] já lá tinham muito perto dos 10ME investidos. Um clube que viveu estes anos todos praticamente de borla tem que pagar um preço justo. 20ME pagam eles por um jogador. Tanto dinheiro que saiu do bolso dos munícipes vale menos que um jogador?” questiona.
Por fim, o candidato do Livre, António Fragoso, afirma que o valor de 20ME que tem sido mais comentado não é razoável. “Isso não é uma venda, é uma doação. O SCB é uma instituição que tem que ser acarinhada, mas temos uma SAD e não deve ser o erário público a arcar com estes equipamentos”, avisa.
