“Estamos habituados a que a agricultura seja um escape em períodos de crise”

O secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural considera que o setor pode funcionar como uma alternativa para algumas pessoas que ficaram desempregadas durante a pandemia. Ainda assim, acredita que será apenas de forma circunstancial e não definitiva.
Se o número de cidadãos inscritos nos centros de emprego, somando todas as atividades económicas, aumentou no último ano, em 23%, parte do setor primário conseguiu resistir e até melhorar o registo. A população que trabalha na agricultura, produção animal, pesca, floresta e caça cresceu 3% em Portugal. Só na região norte essa subida foi de 16%.
Em declarações à RUM, na reportagem ‘Setor primário. A raiz que alimenta a economia’, Rui Martinho referiu que a crise económica resultante da pandemia é de “natureza conjuntural, associada a uma situação muito específica”. Por essa razão, ao contrário do que aconteceu noutras alturas, em que se viveram dificuldades “mais estruturais”, o secretário de Estado espera que “as atividades económicas recuperem muito rapidamente e, com isso, a taxa de emprego também”.
“Estamos habituados a que a agricultura seja um escape em períodos de crise. Julgamos natural que assim também ocorra agora. De qualquer forma, temos a esperança que este acréscimo de desemprego, a nível geral, tenha um caráter muito circunstancial”, argumenta.
Postura ligeramente diferente apresenta o secretário-geral do SETAAB – Sindicato da Agricultura, Floresta, Pesca, Turismo, Indústria Alimentar e Afins. Joaquim Venâncio recorre aos anos 70 e 80 para perspetivar um cenário idêntico para os tempos que seguem.
O sindicalista lembra que, na altura, “muitos trabalhadores do setor industrial, nomeadamente têxtil, vestuário e lanifícios, perderam postos de trabalho” e que depois se “refugiaram na agricultura”. “É o que já está a acontecer agora e vai continuar a acontecer”, afirma.
