Estudo revela alta prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças bracarenses

Uma em cada três crianças a frequentar o primeiro ciclo de ensino no concelho de Braga tem excesso de peso e mais de 14% das 3365 crianças avaliadas já atingiu o estágio da obesidade. O estudo revela ainda que as crianças mais velhas, e em anos de escolaridade mais altos, são mais propensas a apresentar sobrepeso, assim como aquelas que frequentam escolas localizadas em freguesias semiurbanas. Estas são algumas das conclusões, da primeira fase do ‘Programa Municipal de Vigilância Nutricional Infantil’, apresentadas esta segunda-feira, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

O estudo, promovido pelo Município de Braga, com o apoio da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho (ESE-UMinho) identificou que 37,42% das crianças, entre os 6 e os 12 anos têm sobrepeso, têm excesso de peso, enquanto 14,02% destas crianças já atingiram o estágio da obesidade. Para Sameiro Araújo, vereadora da Saúde na Câmara Municipal de Braga, estes valores são preocupantes e, de certo modo, até surpreendentes, uma vez que a autarca esperava que os números do município “fossem, efetivamente superiores, aos níveis nacionais”. “Foi, de certa forma, uma desilusão, porque eu sabia que nacionalmente, em termos de obesidade, estávamos a liderar na Europa. Eu gosto de liderar, mas não neste sentido”, diz.

Os dados a que a autarca se refere são os da sexta ronda da Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), promovido pela Organização Mundial da Saúde, em 2022, onde 31,9% das crianças portuguesas tinham excesso de peso e 13,5% destas eram consideras obesas.

Vistos os dados, para a autarca resta apenas “agir, urgentemente”. Depois de analisados os questionários distribuídos aos agregados familiares, a próxima fase do programa é a intervenção. 


Segundo Joana Russel, nutricionista responsável pelo estudo, o próximo passo é o cruzamento destes dados “com os dados antropométricos, e perceber os padrões e as razões que podem estar ali a causar maiores propensões para a obesidade e para o excesso de peso”.

Durante o processo, um dado curioso que a nutricionista também quer explorar é o facto das escolas com ensino articulado apresentarem um número mais baixo de crianças com excesso de peso e obesidade. “Não se trata de um dado aleatório. A diferença destas escolas para as restantes é, de facto, grande”, frisa.

Intervenção requer envolvimento de várias entidades 

De acordo com a autarca, a intervenção nestes casos “obriga a que todos reajam”. Não só o Município, que, na opinião da vereadora, “tem dado imensas respostas comparativamente aos outros governos locais”, mas também da saúde pública, das ULS, das escolas e da própria família.

“É necessário que mais do que uma ou duas entidades se unam para que, efetivamente, se consiga algum resultado positivo. A família é fundamental, uma vez que os pais são os principais agentes de mudança de comportamentos dos filhos”, diz.

Tendo em conta que a obesidade infantil é “um fenómeno multifatorial”, para Rafaela Rosário, docente da ESE-UMinho, “as intervenções devem ser multicomponentes”, atuando não apenas na alimentação e na atividade física, mas também em aspetos como o comportamento sedentário, o sono e até o envolvimento em atividades artísticas.

“A arte e a música podem ser uma estratégia interessante, porque promovem bem-estar, integração social e estilos de vida mais equilibrados”, reforça, destacando que o trabalho entre o município, as escolas, os serviços de saúde e a universidade “é essencial para garantir resultados duradouros”. 

Partilhe esta notícia
Redação
Redação

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Rádio RUM em Direto Logo RUM
ON AIR Rádio RUM em Direto
aaum aaumtv