“Eu sou mais que a Epilepsia”. Doença atinge 50 mil portugueses

Hoje é assinalado o Dia Internacional da Epilepsia. Trata-se de uma das patologias neurológicas mais prevalentes, para além dos acidentes vasculares cerebrais e das cefaleias. Em Portugal, cerca de 50 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença. No mundo, a epilepsia atinge mais de 50 milhões de pessoas.

A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia associou-se à campanha internacional “Epilepsia é mais do que ter crises”.

Ouvido pela RUM, o médico neurologista e coordenador do Centro de Referência de Epilepsia Refratária do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Francisco Sales, realça que esta ação tem como meta a “consciencialização” da sociedade através de informação cientificamente comprovada.

 

A campanha, de acordo com o especialista, pretende demonstrar que os utentes “têm vida além das crises”. Por outro lado, é fundamental dar a conhecer um grupo de doentes que têm outras comorbidades associadas à epilepsia, tais como dificuldade de aprendizagem, tendências depressivas, ansiedade, alterações de comportamento, entre outras.

Francisco Sales revela que 30% dos doentes com Epilepsia necessitam de um acompanhamento mais próximo devido à gravidade da patologia, os outros 70% apenas querem “esquecer” que têm a doença.

A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia vai ainda assinalar os seus 50 anos de existência com várias iniciativas online, na sua página de facebook, até 13 de Março, com o lema “Eu sou mais que Epilepsia”. As ações foram idealizadas para três públicos distintos: profissionais de saúde, doentes e população em geral.

Quais os primeiros sinais de alerta? 

A Epilepsia é uma doença neurológica que consiste numa anomalia elétrica (neurónios e sinapses) do cérebro. As manifestações clínicas, de acordo com o especialista Francisco Sales, dependem da zona do cérebro que é afetada. 

Aos microfones da Universitária, o médico neurologista elenca alguns dos sintomas mais recorrentes em pacientes com esta patologia. O sintoma mais conhecido são os movimentos incontroláveis dos membros superiores e inferiores quando o doente está inconsciente (convulsões). A pessoa pode ter recorrentemente momentos de confusão, transtornos a nível dos sentidos (em particular da visão, audição e paladar), episódios de medo inexplicável ou sensação de “déjà vu”.

O número de casos na infância tem vindo a decrescer, resultado que pode ser explicado por um menor número de complicações no parto. Pelo contrário, devido ao aumento da esperança média de vida, têm aumentado os casos em pessoas com mais de 65 anos.

Como a pandemia tem afetado esta especialidade?

Francisco Sales declara que a maior preocupação dos clínicos, neste momento devido à pandemia, passa por assegurar que os doentes não param a medicação que, neste caso, é para toda a vida.

Caso contrário, acabam por ter mais crises e a probabilidade de terem de ser observados nas urgências dos hospitais é elevada. “Alguns podem necessitar de ser internados nos cuidados intensivos”, que atualmente estão praticamente preenchidas por doentes covid. 


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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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