Exposição na Quinta Pedagógica aproveita cotidiano rural para debater a realidade

Valorizar a tradição popular rural e explorar os dilemas do dia a dia. Este é o ponto de partida da exposição ‘Sinos da Sé’, que inaugurou, esta segunda-feira, na Quinta Pedagógica de Braga, como celebração do 20º aniversário do centro de formação e experimentação ambiental.

Dividida em cinco núcleos temáticos que fazem parte do processo rural – arado, forno, água, jugo e festa -, as peças representam “a materialidade visual, de tal forma absorvente, da vida rural, que se mantém durante o tempo”, segundo José Machado, fundador e dirigente da Associação Cultural e Festiva ‘Os Sinos da Sé de Braga’. No seu entender, a exposição pretende trazer elementos do dia a dia de quem vive numa quinta para o contacto de crianças e restante comunidade que passam pelo local diariamente.


Dentro dos temas-chave, sublinha o mestre em Cultura Portuguesa, explica que “há quatro espécimens (exemplos) da poesia e do cancioneiro popular: duas com cantigas, uma com um trava-línguas e outra com jogo de palavras para advinhação”.

Entre as obras expostas, José Machado destaca o jogo de palavras ‘A dormir, dormi, dormilhas debaixo duma penderiquilhas. Chegou, o corri corrilhas, para matar dormi dormilhas. Acordou dormi dormilhas. Pegou na penderiquilhas e matou o corri corrilhas’, disposto numa manta de retalhos. Apesar de parecer “uma loucura de palavras”, segundo o seu testemunho, garante que “nada mais é que um diálogo entre o descanso e o trabalho, entre o stresse da vida e a necessidade de descansarmos”.

Outra tapeçaria em destaque traz um jogo de palavras, com charadas, em que é preciso advinhar a história lá contida. São utilizados componentes poéticos que “chamam a atenção com histórias que eram cantadas e recitadas para que o mais jovens pudessem aprender com o contraditório, de uma forma visual”.

Com foices, baldes e outros elementos do trabalho rural, ‘A água leva o regadinho’ é outra criação que recorre a uma cantiga tradicional que “nada mais é que paradigmática ao trabalho da lavoura e da rega”. E, para enaltecer a fase da colheita, há símbolos que lembram o foguetório utilizado para a comemoração, que, para o responsável, é uma metáfora do cotidiano demonstrativa de algo que não foi feito. 

“Não falta quem diga que tudo o que vocês fazem é foguetório”, brinca com o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, que esteve presente na festa que celebrou ainda os 50 mil visitantes em 2023, levando o espaço a ultrapassar a barreira do meio milhão desde a sua inauguração.

A exposição está em cartaz na Quinta Pedagógica de Braga até junho, para visitar de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 e, aos sábados, das 14h00 às 17h30.

*Escrito por Marcelo Hermsdorf

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