UMinho. Vírus podem combater bactéria que provoca 30 mil mortes ano

A solução para combater bactérias resistentes a antibióticos pode estar escondida em bacteriófagos/fagos que podem ser encontrados em Estações de Tratamento de Águas Residuais. O estudo está a ser desenvolvido pela investigadora do Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho (CEB), Diana Priscila Pires. Um trabalho que já foi reconhecido com a Medalha L´Oreal Portugal para as Mulheres na Ciência no passado mês de Fevereiro. A meta passa por utilizar estes vírus bacterianos (fagos) no combate às bactérias nocivas. De realçar que estes vírus não têm qualquer efeito adverso nos humanos. Cada tipo de fago actua numa bactéria específica, logo consegue infectar e atacar a mesma.
A terapia fágica não está autorizada em Portugal, mas já é utilizada em países como a Bélgica, França e Holanda. Portugal é o 4º país da Europa com as mais altas taxas de mortalidade por infecções crónicas. Só em 2015 faleceram 1.158 pessoas.
A bactéria alvo de estudo é denominada de Pseudomonas aeruginosa. Esta é uma bactéria muito resistente a antibióticos e responsável por “infecções hospitalares”. Recorde-se que, recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Pseudomonas aeruginosa como prioritária a combater. De acordo com os dados disponibilizados pela OMS, esta bactéria atinge sete em cada 100 pacientes hospitalizados nos países desenvolvidos, sendo responsável por mais de 30 mil mortes na Europa por ano.
Devido às limitações dos fagos na luta contra a Pseudomonas aeruginosa, Diana Priscila Pires está a desenvolver uma ferramenta inovadora que irá melhorar as propriedades antibacterianas dos bacteriófagos. “Vou tentar reduzir ao máximo o genoma dos bacteriófagos através de uma ferramenta de edição genética para introduzir novos genes e novas funções nesses fagos”, adianta.
Posteriormente, estes fagos serão submetidos a testes in vitro e in vivo em animais de laboratório, de modo a comprovar a sua eficácia.
