“Fake news são um dos maiores perigos para a democracia”

“As fake news são um dos maiores perigos para a democracia”. A afirmação é do investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (CECS), Pedro Rodrigues Costa, responsável pelo projecto intitulado “Uma cartografia do ódio no Facebook”. 


Através da análise de 350 comentários, 913 respostas geradas e 23.959 publicações das notícias mais partilhadas e com mais gostos, dos jornais Correio da Manhã, Jornal de Notícias e Público, o docente concluiu que o tema que gera mais ódio nesta rede social, em Portugal, é o futebol seguido da política e crimes/agressões.

Actualmente, o investigador está a iniciar um novo projecto que visa medir os índices de ódio neste período de pandemia de Covid-19. A investigação terá a duração de, aproximadamente, seis meses. Este novo trabalho surge no seguimento de um estudo realizado na UMinho, pela equipa liderada pela investigadora Felisbela Lopes. Segundo esta investigação cerca de 92% dos jornalistas consideram ter encaminhado os portugueses para o confinamento, comportamento considerado duvidoso pelo docente que teme que a população acabe por ficar “refém do capitalismo informacional”.


O “capitalismo informacional” acontece quando detentores de capital financiam o alinhamento de comportamentos. Tudo indica que as fake news interligadas com o “capitalismo informacional” retirem ao sujeito a sua capacidade de reflexão originando, assim, um comportamento de imitação.


Para o investigador da academia minhota é sempre “perigoso” quando um órgão de comunicação “tenta orientar o público” para uma determinada acção. Na óptica do docente, durante a pandemia “isso foi notório”. “O problema é que os instrumentos tecnológicos são de tal forma avassaladores e eficazes que rapidamente alteram comportamentos e orientam os mesmos”, alerta.  

De acordo com os dados recolhidos pelo projecto “Uma cartografia do ódio no Facebook”, este sentimento tem vindo a aumentar ao longo do período analisado (2017-2019), o que pode acaba por originar, em alguns casos, patologias como depressão. 

As palavras “corrupção” e “vergonha” foram as mais utilizadas em discursos de ódio. Pedro Rodrigues Costa garante que o crescimento da extrema-direita está a ser alimentado por discursos nesta linha em que “tudo é mau e corrupto”. Aos microfones da RUM, o investigador defende que os meios de comunicação acabam por “alimentar” estes climas de negatividade, pois “preferem manchetes que realçam aspectos negativos (sensacionalismo) a outros”, que podiam equilibrar a balança. 

O estudo made in UMinho aborda soluções para esta problemática. O convidado do programa UM I&D recomenda a criação pela parte do Facebook de um índice de ódio que pode ser automático, concretizando-se através de uma análise semântica. A ideia é penalizar os utilizadores através do próprio algoritmo do Facebook. “Poderia ser uma solução inovadora para reduzir a presença do ódio nas redes sociais”, declara. 

Gigantes como a Coca-Cola e a Starbucks decidiram boicotar a rede social, de modo a que o Facebook aumente os esforços no sentido de impedir discursos de ódio na plataforma digital. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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Sara Pereira
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