Famílias a partilhar a mesma casa. A nova “pandemia” em Braga, avisa directora do CLIB

A Directora do CLIB – Colégio Luso Internacional de Braga, avisa que há um novo problema social a surgir na cidade de Braga: a acumulação de famílias a viverem na mesma casa. Este foi um dos sinais de crise confirmados durante estes meses de pandemia.

Ontem à noite, em entrevista à RUM no programa Campus Verbal, Helena Pina Vaz, a directora do Colégio Luso Internacional de Braga que em três meses confeccionou e entregou em mãos mais de 25 mil refeições, alertou que cada vez mais pessoas vivem em casas partilhadas, sem condições.

A responsável, que explicava que muitas vezes a entrega de cabazes alimentares com produtos congelados é feita a famílias sem um congelador, revelou que “há muitas famílias em Braga a viver em casas partilhadas”. 

“Essa é uma outra pandemia a que nos iremos dedicar quando se poder andar um bocado mais livremente, casas em que estão feitas umas subdivisões que criaram mais uns quantos quartos interiores sem quaisquer condições”, revelou. 

Durante a pandemia, a directora do CLIB decidiu acompanhar a entrega de um cabaz. “Fui para avaliar se chega, se precisamos de ajudar e vi um cabaz com sacos de legumes congelados, peixe congleado, alguma esparguete, pouca, atum, pouco, e leite insuficiente para um mês”, descreveu.

“Como é que um cabaz pode ser composto por peixe congelado quando a pessoa não tem um frigorífico, muito menos um congelador?”

Notando que “há imensas respostas e muita vontade de ajudar”, a directora do CLIB não compreende que continuem a trabalhar “uns para cada lado”. Helena Pina Vaz afirma que “é preciso reunir todos estes meios e as pessoas aprenderem a trabalhar juntas”, alertando que “não deve ser o projecto de ninguém, mas sim uma vontade de apresentar uma solução e resolver um problema da forma mais prática possível”.

Logo no início da pandemia da covid-19 em Braga, a 13 de Março, o CLIB começou a confeccionar refeições e a entregá-las directamente a famílias comprovadamente carenciadas. De 60 refeições por dia, rapidamente passaram a confeccionar 300. 

Uma ajuda “determinante” e que não pode acabar. Em Braga não existe nenhum projecto do género, daí que Helena Pina Vaz tenha lançado o ‘Virar a Página’ que pretende prolongar esta resposta na cidade, mas em articulação com outras instituições. O município de Braga já está a par deste projecto e nesta altura as necessidades passam por encontrar um espaço no centro da cidade para instalar a cantina social, que só poderá funcionar com o contributo de voluntários e donativos de empresas e particulares.

A entrevista completa ao programa Campus Verbal pode agora ser ouvida em podcast