“Formação de professores tem que ser central para o desenvolvimento do país”

Será necessário recrutar 3450 docentes até 2030/2031 em Portugal e mais de 69 milhões no mundo, “para atingir a educação básica universal” até ao final da década. A falta de professores é um problema à escala global que faz soar os alarmes da UNESCO.

No seminário promovido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), na UMinho, sobre os desafios atuais e futuros da docência, Assunção Flores, do CNE e docente na academia minhota, lembra que a falta de professores não é um problema exclusivo de Portugal.

“É um problema que se manifesta em outros países europeus, na Alemanha, onde é preciso recrutar 25 mil professores até 2025, mas também na Bélgica, França, Itália ou Estados”, apontou a professora que recebeu recentemente o prémio de carreira da Associação Internacional de Estudos sobre os Professores e o Ensino (ISATT).

Assunção Flores alerta para a necessidade de formação contínua, “reconhecendo a necessidade de investir na profissão e no desenvolvimento profissional dos professores, numa perspetiva continuada e sistémica”. 

“A profissão docente encontra-se numa situação crítica que requer respostas concertadas e urgentes, o que claramente tem de passar pelo desenvolvimento de medidas políticas que concorram para aumentar a sua atratividade e pelo investimento numa formação de qualidade assente na investigação e no conhecimento produzido internacionalmente e em particular no nosso país”, afirmou.

A falta de professores nota-se, sobretudo, em algumas áreas disciplinares e o geográficas do país, denotou a investigadora, sendo este “um problema persistente”.


“Políticas públicas de Educação podem criar condições para que as instituições de ensino superior desenvolvam programas de formação de professores com elevados níveis de qualidade”

Segundo o presidente do CNE, Domingos Fernandes, “as políticas públicas de Educação podem criar condições para que as instituições de ensino superior e centros de formação da associação de escolas desenvolvam programas de formação de professores com elevados níveis de qualidade”. No entanto, acrescentou, também as universidades “podem ser mais criativas no desenvolvimento dos cursos”, que devem ter em conta “as realidades e as reais necessidades do atual sistema educativo”.

“A formação dos professores tem que ser assumida como uma questão central para o desenvolvimento do país e democracia”, frisou ainda Domingos Fernandes.

O presidente do CNE considera ainda que “o currículo atual, ao nível da exigência acerca do que é preciso aprender e ensinar, requer uma reconfiguração dos espaços e um posicionamento dos atores mais relevantes”. Além disso, o docente defende que “o contexto social e cultural em que se trabalha nas escolas nunca foi tão exigente”, uma vez que os professores “têm de lidar com alunos provenientes de uma grande diversidade de países, que falam outras línguas, que têm outros hábitos sociais e culturais e que têm necessidades e interesses diferentes”.

“UMinho é uma referência na formação de professores, mas todas as universidades têm de repensar a forma como se estão a formar professores”

O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, lembrou que a instituição minhota “tem uma história muito longa na formação de professores em Portugal”, uma vez que “na década de 70 iniciou a experimentação de um modelo inovador e, desde essa altura, vem mantendo um percurso continuado de atuação nesta área”, conseguindo “um enorme capital de conhecimento acumulado”. “Estamos a viver dificuldades significativas, de recrutamento de estudantes para cursos de formação, falta de professores, depreciação social da profissão, numa área fundamental para o desenvolvimento do país”, finalizou. 

O presidente do CNE reconhece que “a UMinho é uma universidade de referência, em particular na formação de professores, mas todas as universidades têm de repensar a forma como se estão a formar professores”. 


Já Assunção Flores diz que “a UMinho pode desempenhar um papel fundamental, no sentido de procurar encontrar modelos de formação, que sejam os mais adequados para enfrentar os desafios que a profissão enfrenta”.

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Liliana Oliveira
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