CVP Braga abre Gabinete para facilitar inclusão de imigrantes no mercado de trabalho

Vindos sobretudo do Brasil, mas também de países africanos e de leste, Venezuela, Senegal, Índia e Bangladesh “são cada vez mais” os imigrantes que chegam a Braga. Segundo a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, são “113 nacionalidades no município, um número recorde”, que promove uma “riqueza de diversidade”. Para ajudar esta população e facilitar a sua integração, a delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) inaugurou, esta quarta-feira, o Gabinete de Inserção Profissional (GIP) do Imigrante e assinou um protocolo com o Agrupamento de Escolas André Soares, para o ensino gratuito da Língua Portuguesa à comunidade acabada de chegar de outros pontos do mundo.
Embora a tendência seja associarmos a população migrante a trabalhos na restauração e construção civil, Sónia Diz, responsável pelo GIP Imigrante, frisa que muitos dos imigrantes têm elevadas qualificações. Por isso mesmo, assegurou, este gabinete será “uma resposta essencial, porque é pelo trabalho que permitimos a dignidade de todas as pessoas”. O GIP vai permitir “reconhecer competências diferenciadoras que a população migrante pode trazer até nós e promover a sua ascensão profissional“, através do “reconhecimento profissional e académico, assim como pelo seu encaminhamento para profissões que estejam de acordo com as suas qualificações”.
A partir de segunda-feira, dia 31 de maio, na Escola André Soares, uma professora aposentada dá início à missão de ensinar a Língua Portuguesa aos migrantes chegados à cidade.
Graça Moura, presidente do Agrupamento, referiu que “há já meia dúzia de inscritos para as aulas que arrancam na segunda-feira”. Para já, as aulas vão decorrer duas vezes por semana, ao final da tarde. As turmas terão que ser pequenas para que seja prestado o devido apoio, mas a docente acredita que mais colegas aposentados se juntem a esta missão voluntária. “Os mais jovens aprendem português na escolas, mas, depois, chegam a casa e a família só fala a língua de origem e eles não treinam. Se a família aprender começa também a praticar com eles e é um processo em crescimento”, frisou.
Braga é o município com maior número de nacionalidades do país
A secretária de Estado da Integração e Migrações, Cláudia Pereira, lembrou que “um dos primeiros centros locais de apoio a migrantes de todo o país” teve morada em Braga, cidade onde a delegação da CVP tem permitido “a populações migrantes, refuigadas e ciganas viver com melhores condições de vida”. “A população imigrante é quase dois terços da população. São 113 nacionalidades, nunca tivemos um território com tantas nacionalidades, é um número recorde”, sublinhou a governante. Além disso, a secretária de Estado esclareceu que os imigrantes “não vêm retirar subsídios”. “Os dados da Segurança Social mostram que, em 2019, os imigrantes contribuíram oito vezes mais do que aquilo que receberam, conseguindo um saldo positivo para a Segurança Social de 884 milhões de euros”, vincou.
Armando Osório, presidente da delegação bracarense da CVP, lamentou, na sua intervenção, que “o Estado não comparticipe com a totalidade dos encargos no apoio dado à população fragilizada”, reforçando que a experiência da CVP Braga com imigrantes vem já desde 2003, através do protocolo ACIME. “Apesar de não ter havido financiamento público de 2012 a 2017, esta delegação não deixou de ter um atendimento especializado para os imigrantes. Nestes 18 anos, foram atendidas mais de 10.500 pessoas”.
O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, salientou a importância “de promover a integração dos migrantes e, além da língua, a questão do emprego e do rendimento estável é uma das questões mais importantes para sua integração plena”. “Não é uma surpresa ver a CVP assumir cada vez mais responsabilidades em relação a diferentes franjas da população, apesar dos recursos limitados, e a estrutura de Braga tem sido um excelente exemplo de chegar com diferentes respostas a dezenas de milhares de pessoas”, finalizou.
