Greve na Bosch Braga ronda os 80%, de acordo com sindicato; Empresa desmente

A adesão à greve dos funcionários da Bosch Braga ronda os 80%. De acordo com os números avançados à RUM pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte, mais de 500 colaboradores, sobretudo da área produtiva e de logística, participaram na paralisação de 24h, que iniciou às 00h desta sexta-feira.
A “discriminação salarial” é o principal motivo invocado, tendo por base a atualização dos vencimentos, no mês de junho, com efeitos retroativos a abril. Segundo o dirigente sindical Sérgio Sales, essa alteração “beneficiou os trabalhadores mais novos, com um, dois, três anos de casa”, com aumentos de mais de 100 euros, ao contrário do que aconteceu com outros.
“Os mais velhos, com décadas de Bosch, ou não tiveram atualização ou receberam aumentos de 0,50 euros, 1 euro e 4 euros. Isso faz com que trabalhadores mais novos fiquem com salários mais altos do que funcionários em topo de carreira e com muitos mais anos de casa”.
A SITE Norte apresentou, em janeiro, uma proposta de aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores. Perante a mais recente atualização, Sérgio Sales fala num “sentimento de revolta”, acrescentando que mesmo os funcionários mais novos podem ser prejudicados posteriormente.
“A empresa atirou este dinheiro para tentar passar uma imagem pública que pagam um bom salário de entrada, mas, na verdade, quem for minimamente inteligente percebe que não vai ter futuro aqui. O futuro é congelar salários, é retirar direitos, como vai acontecer provavelmente com estes trabalhadores”, concretiza.
Além da alegada discriminação salarial, “os horários desregulados”, em que alguns trabalhadores “não têm fins de semana durante um ano inteiro”, é outro problema apontado pelo sindicalista.
Bosch Braga contrapõe e fala em “maior aumento salarial de sempre”
Contactada pela RUM, a administração refere que “a adesão dos colaboradores à greve foi bastante baixa”, negando os números apresentados pela SITE Norte.
Em comunicado, explica que na revisão salarial supracitada foram “tidas em consideração as tabelas de remunerações mínimas da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Elétrico e Eletrónico (ANIME)” e que, “maioritariamente, os colaboradores da Bosch em Braga auferem remunerações acima da tabela da ANIMEE”.
Além disso, esclarece que a empresa realizou no concelho bracarense “um investimento na massa salarial quatro vezes superior aos anos anteriores”, que se espelhou “no maior aumento salarial de sempre, apesar da escassez de componentes eletrónicos e outros riscos mundiais que têm vindo a refletir-se no negócio nos últimos anos”.
“A política salarial e as revisões aplicadas na empresa têm como base o enquadramento das funções, o desempenho dos colaboradores e a avaliação do mercado de trabalho”, acrescenta.
