Há menos violência entre adeptos mas aumentou o uso de pirotecnia

São menos os casos de racismo e menos as agressões nos estádios, mas aumentou o número de adeptos impedidos de entrar em recintos desportivos. E principal causa destas sanções está relacionada com o uso de engenhos pirotécnicos.
A informação surge através do relatório de análise da violência associada ao desporto, em relação à época passada.
Os episódios de violência entre adeptos diminuíram, mas, em sentido contrário, verificou-se um aumento do uso de engenhos pirotécnicos, como tochas ou petardos.
O Ponto Nacional de Informações sobre Desporto (PNID) registou 8.879 incidentes em espetáculos desportivos na temporada passada, mais 2.780 do que em 2022/23 (6.099), uma subida motivada pela utilização crescente de artefactos pirotécnicos, que correspondem a 63,9% do total (5.673).
Ao aumento de incidentes corresponderam 573 medidas de interdição de acesso a recinto desportivo que entraram em vigor, o número mais elevado numa só época em Portugal, a maioria aplicada pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), que participa na elaboração do relatório.
“Apesar de sinais positivos em outros indicadores, o aumento do uso de artefactos pirotécnicos nos recintos desportivos destacou-se como uma preocupação crescente, refletindo uma tendência europeia no período pós-pandemia”, indica o relatório, cuja quinta edição é datada de 30 de dezembro de 2024.
A posse/uso de artefactos pirotécnicos é intensificada pelo fácil acesso a este tipo de materiais e a UEFA já identificou que a sua utilização em recintos desportivos é “alimentada pelas redes sociais” – a par das invasões de campo -, “em busca de notoriedade online”.
Num distante segundo lugar na lista surge o incidente de dano, cujo crescimento exponencial (382 em 2022/23 para 738 em 2023/24) resulta da “ocorrência atípica de cerca de 500 incidentes” em um único jogo de futebol, a final da Taça de Portugal, entre FC Porto e Sporting.
As autoridades contabilizaram um total de 525 cadeiras danificadas no Estádio Nacional, em Oeiras, no jogo que os portuenses ganharam por 2-1, após prolongamento, o que fez com que o número de incidentes de dano ultrapassasse o de injúrias, apesar de este também ter aumentado de forma significativa (468 para 717).
Em sentido inverso, registou-se uma descida nos incidentes relacionados com o incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância (114, menos 67 do que em 2022/23) e agressões (302, menos 41), bem como no número de infrações registadas ao promotor do espetáculo desportivo, com 406.
Segundo os dados do PNID, que resultam da informação fornecida pelas forças de segurança (nomeadamente PSP e GNR), autoridades judiciárias e administrativas, o futebol continua a concentrar a esmagadora maioria dos incidentes, com 8.213, seguido do futsal (432) e do hóquei em patins (101).
A I Liga é a competição que regista o maior volume de incidentes (4.031), seguida da Taça de Portugal (1.296), futebol distrital (917) e competições europeias (755), ainda que na divisão principal se tenham verificado descidas nas tipologias de dano (de 102 em 2022/23 para 32), infrações do promotor relacionadas com a segurança do espetáculo desportivo (de 109 para 26) e venda ilícita de bilhetes (de 98 para 17).
c/Lusa
