Helena Machado lidera estudo que dará origem a nova teoria social sobre o rosto

Avaliar os perigos e benefícios da tecnologia de reconhecimento facial, de modo a criar uma nova teoria social sobre o rosto. Este é o objetivo do projeto liderado por Helena Machado, com uma bolsa de 2,46 milhões de euros pelo Conselho Europeu de Investigação, um trabalho que terá início em 2025 e irá prolongar-se pelos próximos cinco anos.

A investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia da UMinho é a convidada desta semana do UMinho I&D. Helena Machado alerta para o facto de em alguns países esta tecnologia, que nasceu para fins militares, estar a ser utilizado, por exemplo, contra manifestantes.

“Em nome da segurança, sem regulação ou debate ético pode cair-se numa vigilância excessiva”, alerta. “Em alguns países temos manifestantes a entrar para bases de dados policiais juntamente com pessoas suspeitas ou condenadas por crimes”, acrescenta. Um risco superior à partilha de fotografias, visto que este formato digital é “muito mais facilmente partilhável”. Situações que colocam em causa direitos fundamentais como à privacidade e imagem.

A professora catedrática de Sociologia do ICS frisa ainda o facto de esta tecnologia ter uma maior tendência ao erro quando utilizada com populações negras, ou seja, o reconhecimento facial pode funcionar como um meio para acentuar desigualdades sociais e discriminação, não apenas pelo facto de não estar disponível para todos.

Contudo, pelo lado positivo, as tecnologias de reconhecimento facial podem ajudar a identificar doenças de forma precoce através de “micro expressões que não são percetíveis ao olho humano”. Outra das funcionalidades que não reúne consenso passa pela utilização para “avaliação de estados emocionais para apoio a pacientes no âmbito da saúde mental”.

O trabalho “Facial Recognition Tecnologies. Etho-Assemblages and Alternative Futures” terá como parceiros investigadores ligados às ciências da computação, organizações não governamentais e startups de países como EUA, Canadá, Brasil, Alemanha, França, Reino Unido e Espanha. O trabalho terá início em 2025, numa primeira fase com foco na literatura, de modo a preparar a ação no terreno para recolha de dados empíricos. Está prevista a contratação de dois doutorandos e três estudantes de doutoramento. 


– PODE OUVIR A ENTREVISTA COMPLETA AO UMINHO I&D AQUI –

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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